Descrição: Retrato de D. Pedro I, Imperador do Brasil, corpo inteiro, em pé, voltado a três quartos à esquerda, em toda a majestade da realeza, olhando para a frente, cabelo encaracolado, suíças prolongadas, bigode e mosca. Apresenta um gorjal encanudado ao pescoço, um manto de arminho debruado com motivos vegetais caindo sobre as costas, calças brancas e botas de cano alto com esporas. Segura na mão direita o bastão imperial encimado pelo dragão dos Braganças e apoia a esquerda no espadim. No lado esquerdo do observador, sobre uma mesa, uma toalha que deixa a descoberto uma das pernas da referida mesa. Em cima da mesma, uma almofada, vê-se a corôa imperial, esta é encimada por uma Cruz de Cristo sobre uma esfera armilar, e a parte inferior apresenta vários brasões. Mais atrás, por entre duas colunas caneladas, vê-se um monte e uma casa. No lado contrário, por trás de D.Pedro I, encontra-se a cadeira do trono imperial, encimada por cartela contendo a esfera armilar e sobre esta a corôa com os motivos anteriormente descritos. No espaldar do trono imperial, ao centro, as seguintes iniciais: "P.I".
Todo o fundo da gravura é constítuido na parte superior por um reposteiro, enquanto a parte inferior é constítuido por um tapete que apresenta motivos vegetais.
Inferiormente e fora da moldura, ao centro, lê-se:
DOM PEDRO I.
IMPERADOR, E DEFENSOR PERPETUO DO BRASIL.
Pintado por Henrique Jozé da Silva Pinto, Pintor da Camara de S:M:F:, e Director da Imperial Academia, e Escola das Bellas Artes do Rio de Janeiro.
Esta gravura não possui moldura, mas tem um passepartout de cor creme.
Origem/Historial: No verso da gravura, ao centro da parte superior, apresenta a seguinte inscrição a lápis: "Visconde de Sacavem"
"T. 661931"
Julgamos que a referência supra-citada indica que pertenceu a um dos Viscondes de Sacavém, que mais tarde a poderá ter doado.
Foi 1º Visconde de Sacavém, desde 30 de Julho de 1874, o negociante José Joaquim Pinto da Silva (1835-1921). O seu filho, do mesmo nome e 2º Visconde de Sacavém (1863-1928), celebrizou-se como ceramista.
Henrique José da Silva, pintor dos séculos XVIII e XIX, estudou desenho durante cinco anos na Aula Régia. Foi discípulo de Joaquim Manuel da Rocha, Eleutério Manuel de Barros e, por fim, Pedro Alexandrino, o último dos quais bastante o influenciou. Decorou a fresco tectos e paredes com figuras e ornatos. Pintou muito nos teatros. Também fez retratos, quadros de cavalete e painéis para igrejas. Entre os seus retratos de mais nomeada, figuram: o do poeta Bocage, agradecido por este num soneto em que o compara a si próprio; o de José Agostinho de Macedo, gravado por Domingos José da Silva e estampado no começo de poema «Oriente» que veio a lume em 1814; os de Wellington e Beresford, rodeados de figuras alegóricas em cenário de apoteose, depois gravados por Bartolozzi. Segundo Viterbo, são da sua invenção as figuras que ilustram o drama de Pato Moniz «A glória do Oceano». Há gravuras suas na Academia das Ciências de Lisboa. Em 1819, seguiu para o Brasil e logo se tornou, no Rio de Janeiro, rival do notável pintor francês Debret, de quem triunfou momentaneamente ao ser nomeado pintor da Imperial Câmara e director da Escola de Belas-Artes. Mas a sua sistemática oposição a Debret valeu-lhe, a breve trecho, censuras da parte de D. Pedro I. Deixou desenhos a aguada de nanquim, estampas para um trabalho do Barão de Saavedra e dois retratos a óleo, um dos quais do imperador D. Pedro, desapareceu, enquanto o outro, uma figura de velho, é considerado bastante frouxo por Duque-Estrada.
Jean Baptiste Raphaël Urbain Massard, nasceu em Paris a 10 de Setembro de 1775 e morreu em Viry-Châtillon a 27 de Setembro de 1843. Foi discípulo de seu irmão Jean Massard, havendo alcançado medalhas de segunda classe em 1810, e primeira em classe em 1817 no "Salon" de Paris. Em 1824, recebeu o título de Cavaleiro de Honra.
D. Pedro IV-Filho de D. João VI e de D. Carlota Joaquina. Nasceu em 1798 e morreu em 1834. Foi nomeado regente do Brasil em 1821 por seu pai e em 7 de Setembro de 1821 proclamou a independência, intitulando-se Imperador do Brasil, ficando com o nome de D. Pedro I. Em 2 de Maio de 1826 abdicou os pretensos direitos à coroa portuguesa, em sua filha D. Maria, nascida do seu primeiro casamento com a Imperatriz do Brasil, D. Maria Leopoldina José Carolina. A sua iconografia é bastante vasta, especialmente durante os anos de 1832 e 1833.
Incorporação: Desconhecido. N.º de ordem 2/1986. Valor da avaliação: 30.000$00.
Bibliografia
HERSTAL, Stanislaw - DOM PEDRO Estudo Iconográfico, São Paulo - Lisboa, 1972, 3 vols.
PAMPLONA, Fernando de - Dicionário de Pintores e Escultores Portugueses. Barcelos: Livraria Civilização Editora, 2ª Edição, 1988
SOARES, Ernesto - História da Gravura Artística em Portugal-Os Artistas e suas Obras, 2.ª edição. Lisboa: Livraria Samcarlos, 2 Vols., 1971
SOARES, Ernesto; LIMA, Henrique C. Ferreira - Dicionário da Iconografia Portuguesa. Lisboa: Instituto para a Alta Cultura, 5 volumes, 1947 a 1960