Descrição: Grande painel escultórico em madeira, de formato quadrangular, representando uma batalha em médio e baixo-relevo. Em primeiro plano, diversos cavaleiros e combatentes armados, numa composição marcada pela densidade e movimento. No segundo e terceiros planos, as muralhas de uma cidade em chamas e outras cenas de combate. A batalha esteve tradicionalmente associada à Tomada de Arzila por D. Afonso V, o que é hoje encarado com bastantes reservas. Refutada foi a atribuição a Andrea Sansovino, parecendo antes trabalho flamengo ou germanico de finais do século XVI ou do século XVII.
Origem/Historial: Numa carta dirigida em junho de 1861 ao conde do Lavradio, embaixador de Portugal em Londres, D. Fernando II solicitava informações acerca de "um baixo-relevo em madeira representando um feito de armas de um rei de Portugal, o qual, segundo parece, deve ter bastante merecimento e ser curioso, não só pelo assunto, mas pela execução” (Portugal, vol. III, p. 69). O rei tinha apenas notícia do relevo que se encontrava na posse do antiquário e colecionador Alessandro Castellani (1823-1883), filho do afamado ourives italiano Fotunato Pio Castellani, a quem foi adquirido.
Cedeu-o em 1862 para a primeira exposição da Sociedade Promotora das Belas Artes em Portugal, catalogado como sendo uma representação da Tomada de Arzila da autoria do escultor renascentista italiano Andrea Sansovino (c. 1467-1529). De acordo com o catálogo, "Este precioso trabalho foi propriedade dos Duques d'Altemps. Da casa d'Altemps foi vendido, e ultimamente pertencia a Castellani, em Roma, de quem Sua Magestade El-Rei o Senhor D. Fernando fez esta valiosa aquisição" (Sociedade promotora das Belas Artes em Portugal - Primeira Exposição. Lisboa: Typ do futuro, 1862, pp. 6-7, cat. 15).
O inventário orfanológico realizado após a morte do monarca, localiza o relevo na "Salla dos Vidros" do Palácio das Necessidades, com o n.º 222: "Um grande retábulo de madeira de carvalho em alto relevo, representando uma batalha, com moldura da mesma madeira, marcado com o número setecentos e um. Avaliado na quantia de um conto e duzentos mil reis" (ANTT, Inventário Orfanológico de D. Fernando II - Bens mobiliários que existiam no Real Paço das Necessidades ao tempo do casamento do mesmo augusto senhor em 10 de junho de 1869). Identifica-se igualmente numa fotografia daquela sala de J. A. Madeira. Foi herdado pelo rei D. Carlos que o colocou no seu gabinete de trabalho do mesmo palácio, como documentam outras fotografias.
Incorporação: Palácio das Necessidades, 1939. Cf. ofício da Repartição do Património da Direção Geral da Fazenda Pública, datado de 3 de março de 1939: "Ao Sr. Segundo Conservador do Palácio Nacional da Pena se comunica que, por despacho ministerial de 15 de Fevereiro findo, foi autorizado que das arrecadações do Palácio Nacional das Necessidades seja transferido para esse palácio, o seguinte: - Grande painel de madeira natural entalhada, com batalha (...) (Processo n.º831, Livro n.º41)". (Arquivo PNP, Movimentação de Objetos).
Centro de Fabrico: Flandres ou Alemanha
Bibliografia
Revista "Revue de d'Art - Nº 133, 2001"
Revista " Bollettino d'Arte - Ministero per i beni e la attività culturali, Nº 128 - Instituto Poligrafico e Zecca Dello Stato. Libreria dello Stato, 2004.
Revista "The Burlington Magazine, nº 1069, Abril de 1992"
Exposições
Sociedade Promotora das Belas Artes em Portugal - Primeira Exposição