Descrição: Cadeira em madeira torneada e entalhada, com costas e assento estofadas em guadamecil (pele prateada, policromada e moldada). Apresenta espaldar alto, arredondado no topo com cachaço entalhado; o assento é de secção trapezoidal e a testeira é também entalhada. As pernas são torneadas com cubos de intersecção decorados por florão; travessa em H e pés em meia-esfera sobre rodízio e pernas de trás em pião. O espaldar é delimitado no topo por moldura naturalista, simulando troncos e o cachaço possui uma cartela com ramo vegetalista ao centro, rodeada de folhas e bolotas. O estofo é constituído por um enchimento de crina sobre uma armação de molas fixas em percintas e o revestimento a guadamecil, fixo pelas extremidades à estrutura de madeira através de pregos de estofador (cardas). Essa zona de fixação está revestida e ocultada com um galão de guadamecil colado, cujo padrão decorativo moldado imita um galão têxtil. O padrão decorativo do guadamecil consta de uma água, entre flores, folhas e frutos.
Origem/Historial: Integra um conjunto de 6 cadeiras semelhantes que pertenceram a D. Fernando II. O inventário orfanológico realizado na sequência da sua morte (1885), localiza-as no seu "escritório" (atual quarto de vestir da Rainha D. Amélia), com o n.º 6680: "Seis cadeiras de nogueira com costas e assentos de couro lavrado, contramoldadas, de altura de um metro e trinta centimetros marcadas com o numero duzentos e noventa e nove a tresentos e quatro. Avaliado tudo na quantia de oitenta e um mil reis" (ANTT, Móveis do Palácio da Pena em Cintra - Mobiliário adquirido depois de 10 de Junho de 1869). Estiveram anteriormente no Palácio das Necessidades, apresentando outro estofo em pele e assentos franjados como nos dão a ver algumas algumas fotografias (c. 1858) de Wenceslau Cifka, colaborador e amigo pessoal do monarca. De acordo com Eduardo Nobre, o fotógrafo "imagina e planeia uma fotografia conjunta de toda a Família Real, um grupo à data razoavelmente extenso - o casal real, os quatro irmãos e duas irmãs de D. Pedro V e D. Fernando II. Nove pessoas ao todo, num tempo em que fotografar um já não era fácil. Isto se considerarmos a necessidade de um resultado final em que todos estivessem no seu melhor. Cifka terá pensado em resolver a situação fotografando todos os elementos individualmente ou em pequenos grupos, e fazendo posteriormente uma fotomontagem - o que para a época era também algo muito avançado (...)". Seria a primeira fotografia conjunta da família real portuguesa, num trabalho planeado em detalhe, antes da execução. Cf. NOBRE, Eduardo, Família Real. Álbum de fotografias, Quimera, 2003.
Incorporação: Coleções Reais, Palácio da Pena, 1910
Bibliografia
NOBRE, Eduardo - "Família Real: álbum de fotografias". [Lisboa]: Quimera, 2003
Exposições
O Orientalismo em Portugal (Séculos XVI-XX)
Alfândega do Porto, Museu dos Transportes e Comunicações, Porto