Contador
-
Museu: Palácio Nacional da Pena
-
Nº de Inventário: PNP1454
-
Super Categoria:
Arte
-
Categoria: Mobiliário
-
Autor:
Autor não identificado
-
Datação: Século 19
-
-
Técnica: Entalhado / Vazado / Torneado
-
Dimensões (cm): Alt. 215 x Larg. 165 x Prof. 62
-
Descrição: Contador português, em pau-santo e outras madeiras escurecidas, constituído por dois corpos. Caracteriza-se pela presença de colunas torsas na parte superior e elementos torneados na parte inferior, assim como pela abundância de decoração de tremidos e pela existência de elementos vazados no saial.
O corpo superior é coroado por um tampo, cuja cimalha, recortada, se ergue em forma de gradil, disposto pelos três principais lado da peça, e composto por pequenas colunas espiraladas, delimitadas em cima e em baixo por um friso de tremidos, que compõe toda a cimalha. Abaixo desta segue-se um friso de pontas de diamante com duas gavetas fingidas, uma de cada lado, decoradas com um espelho de fechadura dourado e rendilhado. Abaixo, a frente do contador apresenta dois painéis de gavetas ladeados e divididos ao meio por colunas torsas encimadas por um capitel coríntio; possui oito gavetas em cada painel, dispostas em quatro ordens de duas gavetas, ornamentadas por tremidos na moldura exterior e na almofada, de perfil curvo, onde ao centro se destaca um espelho de fechadura dourado e rendilhado, em forma de losango. Embora aparentem tratar-se de gavetas individuais, em cada painel, apenas as duas primeiras possuem esta característica, pois a terceira e a quarta gaveta formam uma só, assim como as quatro ultimas que juntas formam uma única gaveta, compondo-se assim por oito gavetas no todo. As ilhargas são compostas por frisos de tremidos e almofada de perfil curvo ao centro, decoradas também por uma moldura daquele motivo e ladeada por duas colunas torças encimadas por capitéis coríntios, semelhantes às da frente do móvel. Abaixo dos painéis de gavetas segue-se um remate decorado por friso de tremidos, sob o qual estão dispostas duas grandes gavetas separadas por uma mísula enrolada, com decoração vegetalista, e ladeadas por outras duas semelhantes, no seguimento dos montantes frontais. O mesmo tratamento decorativo está presente nas ilhargas, porém sem a gaveta.
O corpo inferior, ou base, inicia-se, na frente do contador, com um saial decorado com enrolamentos vazados, de motivos zoomórficos e fitomórficos, interrompido por um cubo de interseção que apresenta uma cabeça de animal. Este friso, em cada painel, apresenta enrolamentos de motivos vegetalistas, que envolvem dois leões afrontados ao centro, e dois dragões em cada extremo. Nas ilhargas o trabalho decorativo é semelhante, porém o friso apresenta somente os enrolamentos vegetalistas e as figuras de dois dragões, um em cada extremo. O contador apoia-se sobre seis pernas que assentam num tampo com duas gavetas fingidas, intercaladas por três mísulas, substituindo o travejamento, e assentam por sua vez em seis pés de bolacha, no seguimento das pernas. Estas partem de cubos de intersecção decorados por cabeças de animal, e são compostas por trabalho torneado, mais acentuado no último terço, no qual se destacam bolachas e discos sobrepostos, maiores e mais aproximados, terminando em trabalho espiralado. Nas gavetas estão mais uma vez presentes os frisos de tremidos, nos entrepanos e nas almofadas, assim como os espelhos de fechadura dourados e rendilhados.
-
-
Origem/Historial: Este contador pertenceu a D. Fernando II, tendo integrado as coleções do Palácio da Pena. O Inventário Orfanológico de bens do monarca localiza-o na "Primeira Sala de Passagem", com a verba n.º 6210: "Um grande contador de pau santo tendo a parte inferior seis colunnas, parte torcidas e parte torneadas, e a parte superior com gavetas, sete colunnas torcidas e sobre a cimalha uma grade, de altura de dois metros e vinte e cinco centimetros marcado com o numero settecentos e vinte e nove. Avaliado na quantia de cento e oitenta mil reis" (Móveis do Palácio da Pena em Cintra - Mobiliários que já existiam no dia 10 de Junho de 1869).
-
Incorporação: Coleções Reais, Palácio da Pena, 1910
-
Centro de Fabrico: Portugal
Bibliografia
- PROENÇA, José António – Mobiliário da Casa Museu Dr. Anastácio Gonçalves. Casa Museu Dr. Anastácio Gonçalves, Lisboa, 2002.
- PROENÇA, José António – Mobiliário da Casa Museu Condes de Castro Guimarães. Câmara Municipal de Cascais, Lisboa, 2009.
- PINTO, M. H; LEITE, M. F. Passos; BARROS, Carlos – Artes Decorativas Portuguesas no Museu Nacional de Arte Antiga. Secretaria de Estado da Cultura: Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa, 1979.