Descrição: Estante para missal de estrutura em madeira folheada a prata, apresentando exuberante decoração vegetalista de estilo barroco, assente sobre 4 pés. Frontal de forma rectangular com moldura lisa, apresentando ao centro cartela elíptica ornamentada por volutas, representando graficamente a expressão "Maria Regis Coelis" constituída pela sobreposição das iniciais "MA" em motivos vegetalistas estilizados, encimados por coroa ladeada por duas estrelas de oito pontas. Na direcção dos quatro ângulos e circundando a cartela central, estão representadas (alternando com quatro plumas encrespadas); quatro cartelas de molduras de acantos em voluta, com símbolos iconograficamente relacionados com a Virgem Maria.
Da parte do observador: Cartela superior direita - a oliveira símbolo da paz; Cartela inferior direita - "A Torre de David", cap. 4, vers. 4, símbolo da força moral; Cartela superior esquerda - "Porta Fechada", cap. 7, vers.7, símbolo do Sol e da Luz.
Saial inferior recortado, ornamentado com motivos de acantos, volutas e palmetas (ou plumas) cinzeladas, contornadas por moldura lisa. Face posterior ornamentada com motivos de fundo semelhantes ao frontal, com moldura lisa e recortada numa espécie de arco conupirl, apresentando do lado direito a "Fonte de àgua Corrente", cap. 4, vers. 15 e do lado esquerdo o "Poço / Fonte nos meus Jardins", cap. 4, vers. 15.
Faces laterais com recorte de arcos semelhantes à face posterior e ornamentação vegetalista semelhante ao resto da peça, apresentando na face direita cartela com a "Rosa de Shanon", cap. 2, vers. 1, símbolo da flor sem espinhos (sem pecado) e na face esquerda b"A Escada", símbolo da redenção e ascenção aos céus.
Os símbolos representados nas cartelas são relativos ao conceito religioso da Imaculada Conceição e utilizados a partir do séc. XVI. Estes símbolos são inspirados no "Cântico dos Cânticos".
Origem/Historial: Integrou a coleção de ourivesaria de D. Fernando II, identificando-se numa fotografia (c. 1886) do seu gabinete de trabalho na zona conventual do Palácio das Necessidades (Xavier, 2022: 266). Na sequência da implantação da república (1910), foi inventariada nos "Aposentos de D. Carlos" do mesmo palácio, com o n.º 6289: "Uma estante para missal de madeira revestida a prata repousée datada de 1726. Peso total dois mil oitocentos e setenta". Classificada pela comissão de arrolamento como "de valor artístico" (Arquivo do PNA, Arrolamento do Palácio das Necessidades, vol. III). Deu então entrada na casa-forte desse palácio e, em 1956, seria transferida para o da Pena.
Incorporação: Palácio das Necessidades, 1956. Cf. "Relação de peças existentes na Casa-Forte do Palácio das Necessidades, destinadas ao Palácio Nacional da Pena", datada de novembro de 1956, com o n.º 6289: "Uma estante para missal revestida de prata reposé, datada de 1726. Peso total: 2870 grs" (Arquivo do PNP, Movimentação de objetos).
Bibliografia
XAVIER, Hugo - "Propriedade Minha": ourivesaria, marfins e esmaltes da coleção de D. Fernando II, Coleções Em Foco, n.º 4, PSML, 2022.
Exposições
Do Palácio de Belém - Colecções de Ourivesaria e Pintura