"El Nacimiento de Maria"

• Museu: Museu de Lamego
• Nº de Inventário: 935
• Super Categoria: Arte
• Categoria: Gravura
• Autor: Causé, Lamberecht (Gravador)
• Datação: Século 18
• Suporte: Papel
• Técnica: Gravura
• Dimensões (cm): Alt. 24,5 x Larg. 16,5
• Descrição: Gravura representado o Nascimento da Virgem. No interior de um aposento feminino rasgado por duas janelas e uma abertura em arco, na parede do fundo, surge, no primeiro plano, um berço de madeira onde está deitada a recém-nascida secundada por dois anjos que, ajoelhados, embalam o berço e um segundo par de anjos músicos, de pé, tocando alaúde. À direita, em primeiro plano, dispõem-se numa mesinha diversos utensílios (um jarro com tampa, um pequeno prato e uma colher) e, no chão, simbolicamente, uma casca de ovo partida, junto de uma lareira fumegante, situada na extremidade direita. Sentada numa cadeira de espladar alto, uma mulher idosa limpa um utensílio do parto, junto à lareira. Ao fundo, vê-se a câmara onde Santa Ana repousa num leito de dossel. A composição é rematada superiormente por um círculo de onde irrompe a pomba do Espírito Santo, ladeado por uma revoada de nuvens povoadas de anjos que festejam - batendo palmas e gesticulando os braços - o nascimento de Maria. O tratamento das vestes, exageradamente amplas e de elaborado pregueado, o cânone alongado das figuras e o realismo da representação do mobiliário e dos utensílios dispostos sobre a mesa, revelam a atenção dada ao mundo sensível, comum na pintura flamenga coeva. Na zona inferior possui legenda identificativa do assunto.
• Origem/Historial: Não aparecendo mencionado na Bíblia, o episódio da Natividade de Maria é relatado no texto apócrifo proto-evangelho de Tiago, também chamado "Natividade de Maria", provavelmente escrito no primeiro século. O texto não esclarece em que data ocorreu o nascimento, sendo celebrado aleatoriamente pela Igreja a 8 de setembro, data em que, segundo os teólogos, o Sol entra no signo Virgem. Iconograficamente, ao longo do século XV, o intimismo e realismo do ambiente doméstico que caraterizavam as representações do tema, converteram-no mais numa cena de género, do que religiosa. Essa tendência, burguesa e prosaica da lenda mariana, seria combatida a partir do século XVI e, sobretudo, no século XVII, na sequência do Concílo de Trento, passando as representações a incluir ao redor de Maria, anjos músicos cantores, que descem do Céu para celebrar e elevar ao mundo divino o seu nascimento. De origem desconhecida, o Museu de Lamego possui, dedicada também ao ciclo da Virgem, uma segunda gravura, figurando "El Desposorio" (inv.910), possivelmente pertencente à mesma série e gravada também por Lamberecht Causé. Apesar da sua obra ser conhecida, são muito escassos os dados disponíveis sobre a biografia deste gravador de possível origem flamenga, com atividade documentada na primeira metade do século XVIII. Entre outros, ilustrou a edição de 1727, publicada na Alemanha, da obra do teólogo italiano Ippolito Marracci, «Polyanthea Mariana : in qua libris octodecim Deiparæ Mariæ Virginis Sanctissima Nomina, celeberrima & innumera laudum encomia, altissimæ gratiarum, virtutum, & sanctitatis excellentiæ, & coelestes denique prærogrativæ & dignitates ex S. Scripturæ, ss. apostolorum omnium, ss. patrum, & ecclesiæ doctorum, aliorumque sacrorum scriptorum, veterum præsertim monumentis studiosè collecta, juxta alphabeti seriem, & temporis, quo vixerunt, ordinem, utiliter disposita, lectorum oculis exhibentur opera et studio adm. r.p.». Não tendo sido possível confirmar, é admissível que as duas gravuras do Museu de Lamego correspondam a reedições dos exemplares que ilustravam esse livro dedicado a divulgar o culto mariano.
• Incorporação: Admite-se que a gravura tenha sido adquirida pelo Grupo de Amigos do Museu de Lamego, que entre 1928-1940 adquiriu gravuras de formatos, assuntos e autores diversos, incorporadas posteriormente na coleção do museu.