Máscara
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Museu: Museu Nacional de Etnologia
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Nº de Inventário: AE.012
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Super Categoria:
Etnologia
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Categoria: Ritual
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Autor:
Autor desconhecido
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Datação: Século 19/20
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Dimensões (cm): Comp. 33,5 x Larg. 32
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Descrição: Máscara de madeira que representa de forma realista uma cabeça de vaca.
Possui dois pequenos chifres naturais e, abaixo destes, duas pequenas orelhas projectadas para os lados.
Os olhos são dois vértices esculpidos na madeira e circundados por sulcos que simulam rugas.
A parte inferior é escavada.
Superfície escurecida a negro, com excepção dos chifres, de um triângulo na testa, contorno dos olhos e barra na parte posterior da cabeça que estão pintados de branco.
Tem atado a um dos chifres uma tira de fibra vegetal com uma extremidade comprida suspensa.
O focinho não tem mandíbula inferior e uma das orelhas está parcialmente partida.
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Origem/Historial: Complemento da máscara usada pelos rapazes da classe de idade pré-iniciática "karo" ("cabaro", "kalo") em momentos de dança.
As performances com máscaras são a face mais visível do sistema de organização social que tem estruturado a comunidade Bijagó, segundo o qual os homens estão sujeitos a uma hierarquia de classes de idade desde muito novos. A progressão pelos sucessivos grupos etários é fortemente marcada até certa idade pela participação em apresentações públicas nas quais se interligam elementos como música, canto e dança. Estas atuações são verdadeiras performances artísticas, através das quais os protagonistas experimentam sensorialmente os valores e conduta morais que a comunidade exige de si. As máscaras evidenciam por si só a fase de maturação em que se encontram os indivíduos. Estas podem representar animais aquáticos como o peixe-serra e o tubarão ou animais terrestres como a vaca, o boi ou o búfalo. Quando mais leves e pequenas, são atribuídas aos mais jovens, mimetizando a sua inexperiência. O peso, grande dimensão e ferocidade de outras, representam a pujança física e a exuberância da juventude ainda indomada característicos de uma fase anterior à iniciação ("fanado"). O despojamento mais tardio do colorido e da complexidade dos trajes no homem adulto traduz a valorização da sabedoria e poderes rituais próprios dos anciãos.
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Bibliografia
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- HERREMAN, Frank, ed. lit. - Na Presença dos Espíritos: Arte Africana do Museu Nacional de Etnologia. Nova York: Museum for African Art/Snoeck-Ducaju & Zoon, Gent, 2000
- OLIVEIRA, Ernesto Veiga de - Escultura africana em Portugal. Lisboa: JIU/MEU, 1985
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- Duquette, Danielle Gallois - Dynamique de l'art bidjogo (Guinée-Bissau): contribution a une anthropologie de l'art des sociétés africaines. Lisboa: IICT, 1983
- GALHANO, Fernando - Esculturas e objectos decorados da Guiné Portuguesa no Museu de Etnologia do Ultramar. Lisboa: Junta de Investigação do Ultramar/Centro de Estudos de Antropologia Cultural, 1971
- HENRY, Christine - "Danses et travestissements bijago (Guinée-Bissau)" in: Mascarades et Carnavals. Paris: Musée Dapper, 2011
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- DUQUETTE, Danielle Gallois - "Informations sur les arts plastiques des Bidyogo" in: Art d'Afrique noir, 18, 1976: 26-43
- BORDONARO, Lorenzo I. - Iniziazione Maschile e Musica trai i Bijagó di Bubaque (Guinea-Bissau), Università degli Studi di Torino, Facoltà di Lettere e Filosofia, Corso di Laurea in Filosofia (Tesi di Laurea in Antropologia Culturale), 1998 [CD]
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- Lima, Augusto J. Santos - Organização económica e social dos Bijagós. [S.l.: s.n.], 1947
- Scantamburlo, Luigi - Etnologia dos Bijagós da Ilha de Bubaque. Lisboa: Inst. de Investigação Científica Tropical ;, 1991