Dimensões (cm): Comp. comprimento do pé c. 21 x Alt. perna, c. 70
Descrição: Par de meias altas de senhora de confecção fabril em tecido de malha de fio de seda na cor azul acinzentado (?). Cada elemento é estruturado através do desenvolvimento vertical da malha com costura na parte posterior desde a área correspondente à coxa, através do cano da perna passando pelo calcanhar, - sendo o recorte deste reforçado por duas curtas ligações laterais -, atravessando o centro da base do pé até à biqueira em que se localiza uma costura final e horizontalizada.
Na parte superior, insere-se uma bainha de remate, que, simultaneamente, permite um reforço têxtil para a fixação das meias às pernas.
Os exemplares em foco foram concretizados com uma guarnição que se estende verticalmente e, na parte anterior de cada peça a partir da metade inferior da perna e avançando para a parte correspondente do peito do pé. A decoração consiste numa sequência de quatro flores de seis pétalas elaboradas em renda de bilros a fio de linho branco, cada motivo encontrando-se envolto por doze pequenos traços verticais bordados a fio de seda frouxo de cor branca e que organizam um formato losangular.
Os espécimens em análise encontram-se unidos pelo calcanhar através de ponto de costura a linha de algodão verde, atestando que os mesmos não foram usados.
As meias inserem-se numa tipologia estética que foi moda entre as classes abastadas portuguesas/europeias no decurso do século XIX, mas que, como muito outros elementos culturais transmigrou posteriormente para o vestuário popular.
A historiadora Teresa Soeiro refere que em Portugal, a elaboração industrial de meias foi vulgarizada desde o século XVIII, a fim de corresponder às exigências do traje masculino e feminino da época, existindo fábricas em Alcobaça, Almada, em Tomar, no Porto e, laborando mais de duas dezenas, em Lisboa, nomeadamente, a Real Fábrica de Sedas.
O investigador Jorge Borges de Macedo divulgou que se realizavam meias em seda, linho, algodão e lã. A fim de proteger a produção nacional foram promulgados alvarás reais, uns criando isenções, outros proibindo a entrada de meias de seda de cores.
Origem/Historial:
Incorporação: Aquisição pela Assembleia Distrital de Braga.
Bibliografia
MACEDO, Jorge Borges de. - "A situação económica no tempo de Pombal". Lisboa. 3ª edição, 1989.
SOEIRO, Teresa. - " As fábricas de tecido do estreito no Porto, segundo o inquérito de 1814". In «Portugália», Nova Série, Volume XXV.
SILVA, Madalena Cagigal e – “Fundo Antigo (Selecção)”. In “Ensaios nº7”, Museu Nacional dos Coches, Lisboa, 1976.