Castiçal (1:2)
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Museu: Palácio Nacional da Ajuda
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Nº de Inventário: 125
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Super Categoria:
Arte
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Categoria: Cerâmica
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Autor:
Desconhecido
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Datação: Século 18
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Dimensões (cm): Comp. 15 x Alt. 13 x Larg. 0,68
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Descrição: Castiçal em porcelana da China, policroma e dourada sobre fundo branco. Em forma de leão deitado com a cabeça levantada e com as patas da frente ligeiramente sobreelevadas. O corpo do leão apresenta-se pintado com pinceladas em tons de castanho. O fuste do castiçal, pintado em policromia, assenta sobre o dorso, ostenta folhas estilizadas em azul, verde e castanho sobre fundo branco.
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Origem/Historial: Simbologia e iconografia:
“Os leões, protectores sagrados tal como os dragões, aparecem em todos as espécies de antiguidades, tais como pares de estatuetas feitas de jade, mármore, porcelana, bronze e marfim; em pinturas e rolos; na joalharia, netsuke e cintos, e em frascos de rapé, vasos, pratos e taças.
É um mito que os antigos chineses nunca tivesses visto um leão quando criaram as esculturas de leões guardiães imperiais (muitas vezes chamados cães de Fo ou Leões de Fo, no ocidente). Os leões asiáticos foram introduzidos na China, durante a dinastia Han (206 a.C-220 A.D.), através da Rota da Seda entre a Ásia Central e o Sudoeste da Ásia, por vezes até como animais de estimação para o imperador. Estes gatos, nobres e majestáticos eram, de facto, a inspiração para essas esculturas guardiãs.
A razão pela qual este mito persiste resulta do facto dessas estátuas terem chegado ao Ocidente por intermédio dos japoneses, que as adoptaram da Coreia e se lhes referiam como “Korean dogs”. Os leões guardiães foram subsequentemente associados com raças de cães chinesas, o Chow-Chow e Shih Tzu. A palavra “foo” ou “fu” deriva da palavra chinesa para “Buddha” e “prosperidade”. Mas estas figuras nunca foram referidas como cães de foo ou leões de fu, na China. A palavra apropriada é shishi que em tradução literal significa “leão de pedra”.
Os leões guardiães eram considerados protectores da verdade, no budismo. De acordo com a lenda, o fundador do budismo, Sakyamuni, nasceu a apontar para o paraíso com uma mão e para a terra com a outra, rugindo como um leão. Acreditava-se que as próprias esculturas, feitas de mármore, granito, bronze ou ferro, teriam poderes de protecção, sobrenaturais. Eram tradicionalmente colocadas no exterior dos palácios imperiais, gabinetes oficiais, templos, pontes e casas dos grupos aristocratas, sinónimo do seu estatuto. O grau de oficial era frequentemente patenteado pelo número de caracóis na cabeça dos leões: os oficiais de topo tinham leões com 13 caracóis; cada posto abaixo tinha menos um caracol. Os oficiais abaixo do nível sete não podiam ter leões guardiães no exterior das suas habitações. Nos tempos modernos, contudo, leões mais baratos são feitos de cimento e resina e guardam, hoje, espaços menos sagrados, como hotéis, restaurantes e supermercados, particularmente nas “Chinatowns” em todo o mundo.
Com grandes olhos e bocas abertas, os leões guardiães parecem rugir ameaçadoramente, como se assustassem os espíritos malignos. Encontramo-los aos pares, mais frequentemente, o “yang” leão à direita da porta, brincando com uma bola bordada, chamada “xiu qiu” que representa a terra ou “for da vida” e o “yin” leoa à esquerda, segurando um filhote sob a pata.
Acreditava-se que o macho guardava o exterior, enquanto a fêmea guardava o interior. A leoa pode aparecer com a boca fechada, e os dois, em conjunto, representam o som sagrado, “om”. A adaptação japonesa diz que o macho inspira, como símbolo da vida, enquanto a fêmea expira, simbolizando a morte. Outros pares têm uma pérola entre a boca, parcialmente aberta.
Foi durante a dinastia Han que a dança do leão, simbolizando a alegria e a felicidade, se tornou uma fase importante das celebrações do Ano Novo. Era realizada, também, nas consagrações de templos, durante os rituais religiosos, nas aberturas de negócios e em celebrações de plantação e colheita”. In http://www.collectorsweekly.com/asian/foo-dogs-and-lions, [tradução de Maria de Fátima Nina Moura]
Localização anterior:
À data do arrolamento encontrava-se na Arrecadação das pratas e louças.
Avaliado em 25.5.88 por Nuno de Castro em 200 mil escudos.
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Incorporação: Casa Real
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Centro de Fabrico: China, Jingdhezen
Bibliografia
- APNA, Direcção Geral da Fazenda Pública, Arrolamento do Palácio Nacional da Ajuda, vol. 4, 1911