Aquário (1:2)

  • Museu: Palácio Nacional da Ajuda
  • Nº de Inventário: 3806
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Cerâmica
  • Autor: Desconhecido
  • Datação: Século 18
  • Técnica: Porcelana rodada, cozida, vidrada. Pintura com esmaltes sobre o vidrado, douragem.
  • Dimensões (cm): Alt. 40 x Larg. 62 x Prof. 5
  • Descrição: Aquário circular de porcelana chinesa, com corpo bojudo. Cintado inferiormente, forma um pé inclinado para o exterior; a parte superior do bojo é também cintada, formando um pequeno colo que acentua a aba, projectada para o exterior e horizontal. É profusamente decorado no exterior e no interior, com esmaltes família rosa sobre o vidrado. No exterior, o corpo é preenchido com duas cenas de falcoaria. De um lado, representa uma caça à cabra, com quatro cavaleiros, dois deles armados com arco e flecha e espingarda; do outro lado, a caça ao tigre com três cavaleiros, dois deles armados de arco e flecha. Em ambas as cenas os cavaleiros, homens e mulheres, são acompanhados por peões, munidos de tridentes, espingardas, e por cães de caça; um dos cavaleiros transporta na mão um falcão (cena de falcoaria). Ao fundo uma paisagem com árvores, ramagem de pinheiro e flores, evocando a Primavera. As cenas de caça são delimitadas, superior e inferiormente, por uma cercadura com flores sobre padrão estilizado, debruada com filete monocromático ocre, saliente. No colo, ramos de peónias e outras flores. Na aba, destaca-se uma faixa profusamente colorida, delimitada por um filete azul, no interior e uma fina barra deixada em branco para o exterior, rematada por um rebordo ligeiramente saliente, em tom alaranjado. Na faixa, sobre um enrolamento vegetalista clássico, destacam-se quatro reservas com peónias, intercaladas por motivos florais. O pé é decorado com flores encarnadas inseridas em reservas de fundo amarelo, formando uma cercadura de inspiração têxtil. No interior, estão representadas cinco carpas vermelhas, dois lagostins e algas. Adossadas ao bojo, duas cabeças de leão, não vidradas, douradas, com grande desgaste; prenderiam as argolas, hoje inexistentes.
  • Origem/Historial: Esmaltes da «Família Rosa» «A atribuição da nomenclatura ‘família’ é uma classificação estabelecida no século XIX pelo coleccionador francês André Jacquemart com base na distribuição dos esmaltes verde, amarelo, negro ou rosa na decoração da porcelana chinesa do reinado de Kangxi (1662-1722). (…) Esta decoração [Família Rosa] é caracterizada pela inclusão de um esmalte opaco que permite variações do rosa ao púrpura . O pigmento que está na origem desta decoração denomina-se púrpura de Cassius e foi levado em 1685 para a China, pelos missionários jesuítas, aparecendo inicialmente nos esmaltes sobre cobre e só em 1700 na porcelana. A Família Rosa atinge o seu apogeu no reinado de Yongzheng (1723-1735)». In: MARTINS, Maria Manuela d’Oliveira e BARRETO, Luis Filipe, Centro Científico e Cultural de Macau. Faz conjunto com número de inventário: 3805 Guia do Museu, Lisboa: Centro Científico e Cultural de Macau, 1999, pp. 99 e 101. Mitologia Na mitologia chinesa as carpas simbolizam determinação, perseverança e coragem. Segundo uma das versões da lenda “A carpa que se transforma em dragão” uma carpa terá subido o rio amarelo, lutando contra a corrente e subindo cascatas. Impressionados com a sua coragem e perseverança, os deuses compensaram-na transformando-a em dragão. A moral da história é que apenas os mais audazes e corajosos conseguem atingir grandes objectivos. Com base nesta lenda a carpa passou a ser, na cultura chinesa e na cultura japonesa (koi) o símbolo da coragem e perseverança. Fonte: Chinese History Forum Durante a dinastia Qing, melhoraram os direitos da mulher que foi autorizada a deslocar-se livremente nos lugares públicos, a montar a cavalo, a praticar tiro ao alvo, a participar em caçadas e, inclusivamente, a lutar ao lado do homem no campo de batalha. Durante a governação Manchu, as mulheres Manchu foram proibidas de terem os pés enfaixados e todos os homens, Manchu e Chineses, foram obrigados a usar o cabelo no estilo Manchu, com a metade frontal do crânio rapado e o restante cabelo entrançado. http://historyofshanghai.weebly.com/manchu-qing-dynasty.html [consultado 2015.07.10] RAWSKI, Evelyn S., The Last Emperors: a Social History of Qing Imperial Institutions, p. 129, https://books.google.pt/books?id=5iN5J9G76h0C&pg=PA129&lpg=PA129&dq=women+in+manchu+hunts&source=bl&ots=8rNsMTMrAf&sig=1fCYkE-K4ZFJFTpU60_XIY28CyU&hl=en&sa=X&ei=Jz6gVcXWMITYU6SpioAI&ved=0CEEQ6AEwBQ#v=onepage&q=women%20in%20manchu%20hunts&f=false [consultado 2015.07.10] Proveniência histórica As bases dos aquários PNA, inv. 364, 3806 e 3807 vieram, aparentemente, do Palácio das Necessidades. Os aquários inv. 3806 e 3807 e respectivas bases terão pertencido ao acervo do Palácio das Necessidades e parecem ser os retratados na Sala Amarela (cf.. D. Fernando II - Rei Artista. Artista Rei, Lisboa, Fundação da Casa de Bragança, 1986, p. 192, Legenda 229: “Palácio das Necessidades Sala Amarela. Dependência onde decorriam as recepções íntimas. Fotografia 1886”) Localização anterior: À data do Arrolamento os aquários encontravam-se na Sala do Trono do Palácio das Necessidades. Registados com a indicação "De valor artístico". Contem um averbamento posterior "Ao Secretário Geral da Presidência da República em 29.10.1920" e em observações "Para decoração do Palácio d'Ajuda".
  • Incorporação: Casa Real
  • Centro de Fabrico: Jingdhezen, China

Bibliografia

  • APNA, Direcção Geral da Fazenda Pública, Arrolamento do Palácio Nacional das Necessidades, vol. 1, 1910-1912
  • TEIXEIRA, José, D. Fernando II - Rei Artista. Artista Rei, Lisboa, Fundação da Casa de Bragança, 1986
  • MARTINS, Maria Manuela d’Oliveira e BARRETO, Luis Filipe, Centro Científico e Cultural de Macau. Guia do Museu, Lisboa: Centro Científico e Cultural de Macau, 1999
  • http://www.cccm.pt/page.php?conteudo=&tarefa=ver&id=20&item=Porcelana%20policromada [consultado 22.05.2015]
  • http://historyofshanghai.weebly.com/manchu-qing-dynasty.html [consultado 2015.07.10]
  • RAWSKI, Evelyn S., The Last Emperors: a Social History of Qing Imperial Institutions, https://books.google.pt/books?id=5iN5J9G76h0C&pg=PA129&lpg=PA129&dq=women+in+manchu+hunts&source=bl&ots=8rNsMTMrAf&sig=1fCYkE-K4ZFJFTpU60_XIY28CyU&hl=en&sa=X&ei=Jz6gVcXWMITYU6SpioAI&ved=0CEEQ6AEwBQ#v=onepage&q=women%20in%20manchu%20hunts&f=false [consultado 2015.07.10]
  • MATOS, Maria Antónia Pinto de, A Casa das Porcelanas, cerâmica chinesa da Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves, Lisboa, Philip Wilson, 1996