Descrição: Píxide em prata dourada, de base circular com orla recortada e moldurações de estrias relevadas e incisas, decoradas nos ressaltos por folhas de acanto. O pé eleva-se em forma campanular e apresenta profusa decoração, de cariz rococó, onde sobre um fundo cinzelado a pontilhado se desenvolvem elementos relevados, constituídos por volutas e entablamentos arquitectónicos conjugados com rocalhas e motivos florais, ramos de videira e espigas de milho. Alguns destes ornatos repetem-se no nó piriforme da haste. Copa baixa e bojuda, profusamente decorada à semelhança da base, e cartelas preenchidas com motivos eucarísticos: o Cordeiro de Deus sobre o Livro dos Sete Selos, a Arca da Aliança, o Pelicano a alimentar as crias e a Fénix renascida.
A tampa com idêntica estrutura do pé apresenta quatro painéis de fundo pontilhado moldurados por rocalhas, motivos florais e entablamentos arquitectónicos. Encima-a uma cruz latina moldurada, de extremidades trilobadas e com resplendor no cruzamento dos braços.
Origem/Historial: Através da publicação da "Lei da Separação do Estado da Igreja", datada de 20 de Abril de 1911, os bens da Igreja foram arrolados pelo Estado, constituindo-se este como regulador do seu destino. Neste sentido, instalou-se no Porto uma Comissão Jurisdicional dos Bens das Extintas Corporações Religiosas que, na sequência da sua acção, considerou de merecimento artístico para qualquer futuro Museu, o conjunto de peças do Paço Episcopal.
Em 1915, a Câmara do Porto propôs o aluguer do Paço para aí instalar o seu Museu. Através do "Auto de Entrega do Edifício do antigo Paço Episcopal à Câmara Municipal do Porto" com data de 20 de Dezembro do mesmo ano foi não só efectuado o respectivo aluguer do edifício, mas também a entrega em regime de depósito de todo o seu recheio.
Anos mais tarde, o Decreto nº 21.504 de 25 de Julho de 1932, ao reorganizar o Museu Soares dos Reis e ao elevá-lo à categoria de Museu Nacional, veio permitir a Vasco Valente, seu Director, a tranferência dos objectos que pertenceram à Mitra do Porto e encorporá-los definitivamente no acervo deste Museu.
Desta transferência informam-nos o "Auto de Entrega dos Objectos que estavam em poder do Senhor Director do Museu Municipal do Porto, Pertencentes ao Antigo Paço Episcopal, ao Senhor Director do Museu Nacional de Soares dos Reis", com data de 3 de Março de 1932, e o "Auto de Entrega dos Objectos Constituindo Património do Estado que Estavam em Poder do Senhor Director do Museu Municipal do Porto ao Snr. Director do Museu Nacional de Soares dos Reis", de 31 de Agosto de 1938.
Incorporação: Transferência da Mitra do Porto
Centro de Fabrico: Porto (?), Portugal
Bibliografia
O Triunfo do Barroco. Imaginária. Monbiliário. Ourivesaria. [Catálogo da Exposição, Porto, Museu Nacional Soares dos Reia, 1989], Porto, Museu Nacional Soares dos Reis, 1989
SANTOS, Reynaldo dos & QUILHÓ, Irene - Ourivesaria Portuguesa nas Colecções Particulares, 2ª ed., Lisboa [edição dos autores], 1974
Exposição de Ourivesaria do Norte de Portugal [Catálogo da Exposição], Porto: Arquivo Histórico do Porto, 1984
SOUSA, Gonçalo de Vasconcelos e, Dinâmicas do rococó na prataria portuense. ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/7513.pdf [consultado em 17/5/2015]
Exposições
Exposição de Ourivesaria do Norte de Portugal [Cat. da Exposição], Porto: Arquivo Histórico Municipal do Porto, 1984
Porto: Casa do Infante
Exposição Física
O Triunfo do Barroco. Imaginária. Mobiliário. Ourivesaria [Catálogo de Exposição] Porto: Museu Nacional de Soares dos Reis, 1989