Descrição: Armário em madeira de carvalho com dois corpos, sendo o inferior constituído por duas portas e duas gavetas, enquanto o superior (alçado) por duas portas. A parte superior do alçado e as ilhargas do móvel apresentam entalhamentos datáveis da transição do século XVI para o XVII, com enrolamentos e figuras dos evangelistas. As portas encontram-se revestidas com relevos oitocentistas em cerâmica em tons de verde malaquite, de fabrico germânico, com representações dos quatro evangelistas e figuras biblicas, identificados pelos seus atributos: S. Marcos com o leão (à esquerda do alçado); S. Lucas com o boi (à direita do alçado); S. Mateus com o anjo (à esquerda do corpo inferior); S. João Evangelista, acompanhado de Cristo e da Virgem (à direita do corpo inferior). Outras relevos cerâmicos ornamentam armário, destacando-se o elemento de remate do alçado com decoração vazada, as frentes de gavetas com erolamentos vários, os atlantes em relevo que enquadram as portas, entre outros elementos clássicos.
Origem/Historial: No Inventário Orfanológico de D. Fernando II, organizado na sequência da morte do monarca (1885), o armário identifica-se nos aposentos da condessa d’Edla do Palácio das Necessidades, em Lisboa, com a indicação de ter sido incorporado em data anterior a 1869, isto é, antes do casamento do rei-artista com a cantora lírica. Transitou depois para o Palácio de Santa Marta, residência lisboeta da condessa enquanto viúva, encontrando-se no seu boudoir por ocasião da sua morte, em 1929, de acordo com um rol relativo às partilhas doado ao PNP. Permaneceu desde então na posse da família da condessa, tendo sido adquirido a um seu descendente pela empresa Parques de Sintra-Monte da Lua, SA.
Incorporação: Francisco de Azevedo Gomes, descendente da condessa d'Edla, 2015