Jarro "Etrusco"

  • Museu: Palácio Nacional da Ajuda
  • Nº de Inventário: 3946
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Cerâmica
  • Autor: Desconhecido
  • Datação: Século 19
  • Técnica: Porcelana enformada e cozida, esmaltagem, douragem brunida.
  • Dimensões (cm): Alt. 17 x Larg. 12 x Prof. 11
  • Descrição: Jarro composto de pé anelar de altura reduzida, bojo pronunciado, colo alto e estreito, bocal trilobado, asa tubular com terminal no interior do bocal, sobreelevando-se ligeiramente junto ao ponto de inserção. Decoração a ouro brunido, em silhueta, sobre fundo azul; sob o lobo frontal, uma cena de libação representando Dionísio reclinado num trono, de perfil, barbas e coroa de louros, suporta o ceptro com o braço esquerdo e descansa o direito sobre a perna; a seu lado um fauno de frente, em contraposto, segura um Kylix na mão direita. Na restante superfície do bojo, em torno da inserção inferior da asa, desenvolve-se um arranjo vegetalista contendo palmetas, enrolamentos e outros elementos florais estilizados; no ombro, uma faixa definida por dois filetes, com godrões estilizados; o colo apresenta palmetas intercaladas com elementos vegetalistas, trifoliados, estilizados; pé dourado, bocal decorado no exterior por faixa larga e dourada. Bocal e colo dourados no interior.
  • Origem/Historial: "Apesar de tudo indicar que a próxima peça tenha sido tratada como peça decorativa, avulsa, incluiremos a sua informação aqui, já que na produção foi, segundo parece, produzida como parte de déjeuners. Trata-se de um Jarro (PNA, inv. 3946) (Fot. 16) que, em conjunto com o serviço dos "Amours divers" e as jarras de Julienne, terá sido transferido da Casa Forte das Necessidades, em 1939 (segundo Ana Maria Batalha Reis, op. cit., p. 97, cat. 95, após a Proclamação da República, o jarro terá sido conservado em Portugal, e não entregue a D. Manuel ou D. Amélia, por interesse artístico. Infelizmente, não localizámos ainda a documentação relativa a este processo de ‘classificação’, aparte a documentação de transferência). Não constara na Exposição do Museu Nacional de Arte Antiga, aparentemente por falta de espaço (informação colhida em Cardoso Pinto, op.cit., p. 10), mas Cayolla Zagallo não tem dúvidas sobre o interesse desta peça quando solicita a sua transferência. Apesar de não termos podido estabelecer a data ou forma da sua incorporação nas colecções da coroa, é na sequência desse pedido de transferência que passa ao acervo do Palácio Nacional da Ajuda (PNA, Repartição do Património da direcção Geral da fazenda Pública, Proc. 1257, Lv. 41, Of. de 05.06.1939, comunica o despacho de 2 de Junho que autoriza a transferência das peças de Sèvres da Casa-forte das Necessidades para o Palácio Nacional da Ajuda). Decalcado de um "œnochoé", um jarro para bebidas, o desenho do modelo do jarro será datado de 1806 (PRÉAUD, Tamara, The Sèvres Porcelain Manufactory…, op. cit., cat. 114, p. 323). Com efeito, na manufactura de Sèvres existe um exemplar semelhante mas de menores dimensões, um "Pot à lait étrusque trèfle" (Idem, ibidem. Este Pot à crème Etrusque Trèfle tem apenas 10cm; o jarro do PNA mede 18cm de altura), não decorado e com data de 1829. A denominação advém da forma trifoliada do bocal, directamente inspirada em exemplares etruscos. A decoração, coerente com a forma e função, reproduz uma cena de carácter mitológico – um fauno apresenta um cálix a Dionisos – à maneira das representações dos vasos gregos, de figuras a negro sobre terracota. No jarro em causa as figuras são dadas a ouro sobre azul. O fundo azul, onde a transparência e brilho são notáveis, é característico de Sèvres e realça com grande eficácia as figuras e ornamentos recortados em folha de ouro, oferecendo dignidade à peça. O interior do bocal e a asa, com cobertura integral a folha de ouro com acabamento de brunido, enriquecem ainda mais este jarro, conferindo a dimensão de objecto decorativo a uma peça concebida como objecto utilitário, de serviço" in CORREIA, Cristina Neiva, Quelques Petits Souvenirs de Sèvres, in Revista de Artes Decorativas nº 2, Porto, Citar, 2008, pp. 117-118. Foi transferido da Casa Forte do Palácio das Necessidades para o Museu Nacional de Arte Antiga para a "Exposição Comemorativa do Bi-centenário da Manufactura Nacional de Sèvres, 1738-1938", onde acabou por não ser exposta, não apenas por falta de espaço, mas também pela inferior qualidade face à excelência das peças do Império enviadas de Sèvres para participarem na exposição. in PINTO, Cardoso, Sèvres dans les Collections de l’État Portugais, extrait du Bulletin des Études Portugaises, Lisboa, Institut Français au Portugal, 1940, p. 10. Considerado de valor artístico, não foi entregue ao rei D. Manuel II e à rainha D. Amélia, de acordo com a folha de arrolamento do Palácio Nacional das Necessidades. Uma peça semelhante foi publicada em "The Sèvres Porcelain Manufactory", Alexandre Brongniart and The Triumph of Art and Industry, 1800-1847, com o nº 114, com a designação Pot à Crème. Trata-se de um exemplar de menores dimensões. Sobre a peça do PNA, Tâmara Préaud em correspondência de 15 de Julho de 2008, informa dever tratar-se de um Pot à Eau. A iconografia é decalcada de duas gravuras da colecção de vasos de Sir William Hamilton, British Museum. Peça produzida no século XIX, segundo o gosto “à grega”, definido pelo nascimento do Neoclássico em França entre 1750-1775, entre arquitectos e escultores, estendendo-se posteriormente às Artes Decorativas, com enorme sucesso. Localização anterior: Peça pertencente ao acervo do Palácio das Necessidades, de onde foi transferida para o Palácio Nacional da Ajuda, em 5 de Junho de 1939, de acordo com anotação na folha do arrolamento judicial.
  • Incorporação: Casa Real
  • Centro de Fabrico: França, Sèvres

Bibliografia

  • REIS, Ana Maria Batalha (elaboração de texto e organização catálogo), Porcelana Europeia, Reservas do Palácio Nacional da Ajuda, Fundação Calouste Gulbenkian, 1987
  • CORREIA, Cristina Neiva, Quelques Petits Souvenirs de Sèvres, in Revista de Artes Decorativas nº 2, Porto, Citar, 2008
  • PINTO, Cardoso, Sèvres dans les Collections de l’État Portugais, extrait du Bulletin des Études Portugaises, Lisboa, Institut Français au Portugal, 1940
  • PRÉAUD, Tâmara, The Sèvres Porcelain Manufactory, Alexandre Brongniart and The Triumph of Art and Industry, 1800-1847
  • PRÉAUD, Tâmara, Correspondência de 15 de Julho de 2008.
  • http://www.sevresciteceramique.fr/site.php?type=P&id=31 [consultado 2015.08.19]
  • APNA, Direcção Geral da Fazenda Pública, Arrolamento do Palácio Nacional das Necessidades, vol. 2, 1910-1912

Exposições

  • Porcelana Europeia, Reservas do Palácio Nacional da Ajuda

    • Museu da Fundação Calouste Gulbenkian
    • Exposição Física

Multimédia

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