Vaso de cerâmica vidrada

  • Museu: Museu Nacional de Arqueologia
  • Nº de Inventário: 17084
  • Super Categoria: Arqueologia
  • Categoria: Cerâmica
  • Autor: Autor desconhecido (-)
  • Datação: Século 11/12
  • Técnica: Torno
  • Dimensões (cm): Alt. 6,5 x Diâm. 7
  • Descrição: Jarra de pequenas dimensões de cerâmica, coberta de engobe claro do tom da pasta em ambas as faces e com vestígios de corda seca parcial. Possui pé anelar com base concâva, bojo com carena acusada marcada por uma canelura saliente, colo cilíndrico ligeiramente esvasado com bordo biselado e duas asas de fita verticais que nascem do colo terminando na parte superior do bojo. Decorado com caneluras no colo e no bojo.
  • Origem/Historial: Esta pequena jarra foi encontrada em Loulé aquando dos trabalhos da construção do novo mercado no recinto das antigas muralhas defronte da demolida porta, denominada de N. Srª. do Carmo. Foi oferecida ao então Museu Ethnografico Portuguez em 1906 conjuntamente com outros objectos islâmicos encontrados na mesma altura. Não é possível indicar o doador uma vez que o relatório de Bernardo de Sá engloba três pessoas diferentes nos agradecimentos expressos sem especificar contudo o que cada uma delas ofereceu. As características desta jarra, nomeadamente o pé em anel, a carena acusada, colo cilíndrico e duas asas verticais aplicadas simetricamente situam-na inequivocamente nas produções da época almóada que corresponde à última fase da ocupação muçulmana. Carenas semelhantes estão patentes nos exemplares de taças da mesma época. Neste caso concreto trata-se de uma peça muito bem proporcionada e de execução esmerada. Peças com características semelhantes foram exumadas em Silves e em Mértola e atribuídas ao séc.XII. Loulé, al-`Uliya dos Árabes, foi um importante centro de comércio, de produção agrícola e artesanal. A vila dispunha de importantes dispositivos de defesa, destacando-se a edificação de pano de muralhas com torres albarrãs e uma torre octogonal da época almóada. Foi conquistada pelos Portugueses em 1249, já na última fase da reconquista. Posteriormente existiu aí uma importante mouraria que permitiu a irradiação das influências islâmicas para além do fim do domínio islâmico em termos políticos. De referir ainda que o vocábulo "jarra" em português é de origem árabe, constituíndo um indício claro da influência da civilização islâmica em Portugal, nomeadamente na área de olaria onde é possível apontar outros exemplos quer a nível de técnicas e formas quer mesmo a nível linguístico. Estudo da peça : Eva - Maria von Kemnitz

Bibliografia

  • CATÁLOGO da Exposição: Portugal Islâmico. Os Últimos Sinais do Mediterrâneo. Lisboa: Min.Cult.; IPM; MNA, 1998
  • ROSSELLO-BORDOY, Guillermo - La Céramique arabe à Majorque (Problèmes chronologques), Actas: La Céramique Médievale (...). Paris: CNRS, 1980
  • SÁ, Bernardo, de - "Relatório de Uma Excursão Archeologica ao Alentejo e Algarve", O Arqueólogo Português, vol.XI. Lisboa: Imprensa Nacional, 1906
  • TORRES, Cláudio - Cerâmica Islâmica Portuguesa, Catálogo. Mértola: Campo Arqueológico de Mértola, 1987
  • VARELA GOMES, Rosa - "Cerâmicas Muçulmanas do Castelo de Silves". Silves: "Xelb", nº 1, C.M. de Silves, 1988
  • ZOZAYA, Juan - "Aperçu général sur la céramique espagnole", La Céramique Méd. en Méditerrannée Occid.. Paris: CNRS, 1980
  • Roteiro da exposição LOULÉ, TERRITÓRIOS, MEMÓRIAS, IDENTIDADES (2017)

Exposições

  • Portugal Islâmico. Os Últimos Sinais do Mediterrâneo

    • Museu Nacional de Arqueologia
    • 16/7/1998 a 17/10/1999
    • Exposição Física
  • Loulé, Território, Memórias e Identidades

    • Museu Nacional de Arqueologia
    • 21/6/2017 a 31/12/2018
    • Exposição Física

Multimédia

  • 60290.jpg

    Imagem
  • 31931.jpg

    Imagem