Painel de azulejos
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Museu: Museu Nacional do Azulejo
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Nº de Inventário: MNAz 9254 Az
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Super Categoria:
Arte
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Categoria: Cerâmica
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Autor:
Desconhecido
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Datação: Século 20
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Técnica: Faiança / Estampilha
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Dimensões (cm): Alt. 92,8 x Larg. 61,9 x Esp. 1,1
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Descrição: Painel de 6x4 azulejos em faiança monocromática: azul sobre branco. Módulo de padrão com quatro centros de rotação. Decoração com motivos florais ao centro, em azul claro delimitados a azul escuro sobre branco de onde irradiam ornatos duplos em cruz, que na duplicação formam um grande círculo e um quase losango com flor branca de quatro pétalas no interior.
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Origem/Historial: Azulejos do espólio da extinta Fábrica de Louça Lusitânia, Lisboa. Protocolo de doação da Caixa Geral de Depósitos, cuja sede se localiza nas antigas instalações da fábrica.
A Fábrica foi fundada pelo francês Sylvan Bessière em 1890, perto do Matadouro em Picoas, dedicando-se ao fabrico de telha Marselha, tijolos, talhas para água, manilhas e vasos. Por volta de 1900, transferiu as instalações para o Campo Pequeno, ao lado do Palácio das Galveias, pelas seguintes razões: os terrenos eram ricos em barro, a propriedade confinava com a zona das chamadas avenidas novas, que estava em plena expansão urbana e sobretudo, segundo uma tradição oral, Sylvan Bessière teve uma encomenda monumental de tijolos para a construção da praça de touros do Campo Pequeno.
Gradualmente a fábrica Lusitânia foi crescendo em tamanho e sempre concentrada na produção de telhas e tijolos.
Em 1919 Sylvan Bessière morre, a fábrica perde o caráter familiar e transforma-se na Companhia da Fábrica de Cerâmica Lusitânia. Em 1927 fazem-se grandes obras na fábrica e começa-se a erguer o edifício que foi demolido, segundo projeto do Eng. Luís Ernesto Roqueira. Neste prédio passarão a funcionar a partir de 1929 os balcões de vendas, os escritórios da direcção, a contabilidade, salas de exposição de azulejos e finalmente na mansarda, o laboratório de química e engenharia, os ateliers de pintura industrial e pintura artística. O célebre artista cerâmico Jorge Colaço desenvolverá neste último piso o seu trabalho.
A crise de 1929 não atrapalhou nada as finanças da empresa, bem pelo contrário, entrou numa fase de enorme expansão e comprou fábricas falidas por todo o país. Adquiriram a fábrica da estação velha em Coimbra, na qual investiram muito dinheiro, a célebre fábrica de Massarelos no Porto (em 1936, segundo o Itinerário de Faiança do Porto e de Gaia) ainda pólos fabris em Setúbal, Montijo e Vila Franca de Xira.
A Fábrica da Lusitânia de Lisboa sempre se dedicou mais aos produtos para construção civil e azulejaria. Talvez se tenha dedicado mais à produção de louça doméstica quando comprou a fábrica da estação velha em Coimbra, cidade onde já haveria há muito tradição de fabricar o cantão popular. Talvez, nessa altura, os patrões da Lusitânia tivessem dado ordem para retomar o fabrico de um motivo decorativo, o cantão popular, que há se fazia em Coimbra. (No Itinerário da faiança portuguesa do Museu Nacional Soares dos Reis, p. 160 designam também o cantão popular por Cantão de Coimbra.)
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Incorporação: Doação da Caixa Geral de Depósitos em 1995; deram entrada em 2012.
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Centro de Fabrico: Lisboa, Portugal
Bibliografia
- A Fábrica de Cerâmica Lusitânia - Apenas Livros Lda. e Isabel Cameira