Descrição: Placa cerâmica com composição abstrata. Sobre fundo quadrado amarelo, colados: em baixo, a quase toda a largura, um longo e baixo trapézio horizontal branco refervido encimado por um idêntico vermelho escuro de cujo extremo direito se eleva a partir do vértice um triângulo vermelho escuro com um espaço circular central recortado, conjunto contornado a verde: à esquerda, encimando os trapézios, dois pequenos suportes cerâmicos cónicos brancos com contorno verde, dispostos em oblíqua ascendente para a direita e ladeando um pequena mancha circular verde; encimando-os, mais quatro suportes idênticos azuis escuros, dispostos em quadrado contornado a verde; nos cantos superiores e inferior direito três pequenas manchas quadradas verdes. Os suportes são material pré-fabricado de "Mobiliário" de forno, utilizado para nele arrumar as peças a cozer.
Origem/Historial: Segundo a Dra.Teresa Balté em inventariação efetuada à obra do artista em 2005:
Nos anos 60-62 Hein Semke intensifica a utilização de material cerâmico fabricado para a construção civil. Já em 1933 esculpira baixos-relevos em placas de tijoleira mourisca (cf.o Estudo em Tijoleira E25/33-6 e os que decoravam o páteo da casa de Linda-a-Pastora (cf.E289/33-7)); em 1956-57 talhara tijoleira no grande mural em cimento e tijoleira cortada para a residência do Sr.Carlos Gaspar, na Figueira da Foz (E344/57-1 (KF71/57-1)); em 1958 usara canos de esgoto no Crucifixo Primitivo (K289/58-7). Em 1960 os painéis Peixes (K545/60-16), Vista Aérea da Cidade (K540/60-18) e Crucifixo (K341/60-19) são feitos de tijolo comum - talhado, escavado, inciso e vidrado; em 1961-62 utiliza telhas e vários tipos de tijolo e de placas pré-fabricadas, além de tijoleiras e outros objectos cerâmicos como cadinhos "mobiliário" de forno etc., nos seus trabalhos cerâmicos. A série 62-18, que intitulei Placas - Colagens abstractas, utiliza placas-tijolo pré-fabricadas de c.30x30x3 cm, da Cerâmica Forte Lda., que o artista decora com colagem de elementos cerâmicos- quase sempre incluindo material pré-fabricado de "mobiliário" de forno (tripés e suportes) -, fio metálico (fio de cobre) e vidrado e coze em forno de fogo aberto. A decoração é um "aproveitamento de restos", como o artista disse a Manuela de Oliveira Martins e José Pedro Aboim Borges, acrescentando: "Quando faço cerâmica não estou a pensar, estou a fazer". A série foi apresentada pela primeira vez em Dezembro de 1963, na "Exposição de Cerâmicas de Hein Semke", no S.N.I., Lisboa, com o título Placa Decorativa (nºs 31 a 40 do catálogo); posteriormente três trabalhos, que não identifiquei, foram apresentados em dezembro de 1972, na exposição "Hein Semke - 40 Anos de Actividade em Portugal", na Fundação Calouste Gulbenkien, galeria de Exposições Temporárias, Lisboa, com o título 3 Cerâmicas (nº.65 do catálogo) (erradamente indicadas como sendo de 1963); e 2, que também não identifiquei, em maio de 1984, na "Exposição de Pintura, escultura e Cerâmica de Hein Semke", na Galeria S.Mamede, Lisboa, com os títulos Placa/Colagem I e Placa/Colagem II (nºs 90 e 91 do catálogo). (Cf.também KS546/60-1).
Hein Semke (1899-1995) nasceu em Hamburgo e, após uma primeira visita em 1929, radicou-se em Portugal em 1932, onde viveu até à sua morte.
Escultor, ceramista, desenhador e gravador, Semke deixou uma poderosa obra cerâmica, de forte pendor expressionista radicado na sua cultura alemã.
Incorporação: Doação de Dra.Teresa Balté, esposa do autor.
Centro de Fabrico: Lisboa, Portugal
Bibliografia
Azevedo, Manuela de, "Hein Semke o amigo das maresias expõe cerâmicas no Palácio Foz", in: Diário de Notícias, 13/12/63