Descrição: Pintura a óleo sobre tela com o retrato de D. Pedro IV, rei de Portugal e I imperador do Brasil (1798-1834), na qualidade duque de Bragança, título que utilizou a partir de 1831. Surge representado a meio corpo, olhando de frente, de braços cruzados sobre o peito, contra um fundo encarnado. Enverga o uniforme de Coronel do Batalhão de Caçadores n.º 5 que comandou durante a Guerra Civil, em particular durante o cerco do Porto (1832-1833). Ao peito ostenta a placa das Três Ordens Militares portuguesas e o boldrié, correia de couro utilizada a tiracolo para a suspensão da espada. Moldura em madeira e gesso relevado e dourado encimada pela coroa real em vulto perfeito, pousada sobre almofada.
Origem/Historial: A presente pintura foi pela primeira vez publicada em 1972 como pertencente à coleção do tenista português Rodrigo Castro Pereira (1887-1983), neto de Rodrigo Delfim Pereira (1823-1891), diplomata brasileiro e filho legitimado de D. Pedro IV (Herstal, vol. II, pp. 442-443). A mesma publicação refere constar ter sido herdada pelo diplomata, não sendo a nosso ver de se excluir a hipótese de resultar de uma aquisição ou até de uma encomenda do próprio. Do ponto de vista iconográfico, filia-se nos retratos em miniatura de D. Pedro pintados em Paris, em 1832, por François Meuret (cf. doc. associada) e que deram origem a diversas litografias. O rosto mantém-se idêntico, enquanto a posição dos braços, cruzados e não estendidos, revela uma certa informalidade de sabor romântico. Ao contrário das miniaturas parisienses conhecidas, D. Pedro surge representado com o uniforme do Batalhão de Caçadores n.º 5 que comandou durante a Guerra Civil, em particular durante o cerco do Porto (1832-1833). Desconhece-se a autoria da pintura que, a ter sido objeto de uma encomenda póstuma, poderá ter sido realizada por ocasião de uma das estadias do diplomata em Portugal, país onde se fixou e onde viria a morrer.
Corresponde seguramente ao retrato mencionado por Raul Brandão nas suas memórias, a propósito de uma quadra jocosa de Júlio Mardel sobre a veneração que Rodrigo Delfim Pereira dedicava ao pai (cf. observações). Brandão acrescenta que aquele “mostrava desvanecido a toda a gente o retrato do rei que tinha na sala”, questionando os convidados sobre eventuais semelhanças fisionómicas que partilhava com o progenitor.
Incorporação: Aquisição da Parques de Sintra-Monte da Lua para o Palácio Nacional de Queluz no leilão presencial n.º 195 da Cabral Moncada Leilões, lote 149, 24 de setembro de 2018