Pote de faiança
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Museu: Museu Nacional de Arqueologia
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Nº de Inventário: 17109
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Super Categoria:
Arqueologia
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Categoria: Cerâmica
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Autor:
Autor desconhecido (-)
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Datação: Século 15
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Técnica: Roda. Decorada com a técnica de reflexo metálico
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Dimensões (cm): Alt. 24 x Diâm. base: 5; boca: 7,9
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Descrição: Pote de faiança de forma subcilíndrica alongada. A partir de um pé anelar, interiormente convexo, desenvolve-se um bojo alto com boca ligeiramente extravasada e bordo boleado.
Sobre o fundo creme surge decoração executada com a técnica de reflexo metálico, em tons castanhos e brilhantes, disposta em faixas horizontais e paralelas entre si. Produzido com pasta beige rosada, homogénea e bem depurada.
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Origem/Historial: Este pote encontrado em escavações em Santa Amália (Mérida), foi em Outubro de 1909 oferecido, conjuntamente com um prato, ao museu por Matilde Coronado e Pedro Cabrera.
Representa um exemplar de produção da região de Valência, provavelmente de Manises, que se caracteriza pela decoração executada com técnica de reflexo metálico.
Esta técnica de origem oriental, conhecida e praticada no al-Andalus a partir do séc. XIII, conheceu um florescimento muito intenso no período dos sécs.XIV-XVI nas oficinas mudejares da região de Valência para onde emigraram muitos dos oleiros muçulmanos da região de Múrcia e Málaga, tomada entretanto por cristãos (1487).
Esta técnica dispendiosa exigia uma grande perícia, sendo necessárias duas cozeduras para se obter o produto final.
Nesta técnica foram produzidas maciçamente formas de pratos, escudelas, albarellos, jarros, gomis e até azulejos.
Os motivos decorativos empregues mostram uma vasta gama, desde geometrizantes, fitomórficos e epigráficos de origem islâmica até aos elementos ocidentais em forma de brazões, iniciais em letras latinas ou antropomórficos que produzem padrões harmoniosos num contexto novo. Essas produções eram realizadas não só para as necessidades locais mas também frequentemente para as encomendas vindas do estrangeiro como o atestam numerosas peças registadas em documentos coevos.
O motivo de aranhões patente neste exemplar é recorrente nas produções mais tardias de faianças peninsulares.
No acervo do MNA estão documentados dois pratos produzidos com a técnica de reflexo metálico, nomeadamente os nºs 17107 (da mesma proveniência e igualmente oferecido a Leite de Vasconcellos pelas mesmas pessoas) e 17108. Até à data (18 de Novembro de 1998) não foram localizados.
Existem ainda conservados em fragmentos, uma escudela e um prato nº Inv.998.1.41, de proveniência desconhecida, representativos da mesma técnica.
Texto de: Eva - Maria von Kemnitz
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Incorporação: Oferecido por Matilde Coronado e Pedro Cabrera
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Bibliografia
- AQUISIÇÕES. O Arqueólogo Português, vol. XVI. Lisboa: Imprensa Nacional, 1911
- MACHADO, João L. Saavedra - Subsídios para a História do Museu Etnológico do Dr. Leite de Vasconcelos. O Arqueólogo Português, Vol.V. Lisboa, 1964
- SOUSTIEL, Jean - La Céramique Islamique.. Fribourg: Office du Livre, 1985