Cremeira (1:6) / Serviço de Mesa 'Casquinha'
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Museu: Palácio Nacional da Ajuda
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Nº de Inventário: 56670
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Super Categoria:
Arte
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Categoria: Cerâmica
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Autor:
Autor desconhecido (Ceramista)
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Datação: 1836
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Técnica: Porcelana moldada, recortada, aplicada; douragem
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Dimensões (cm): Alt. 10,3 x Larg. 9 x Prof. 7,5
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Descrição: Cremeira com tampa, em porcelana. Em forma de tulipa, bordo e base com virola, recortados; base com barra dourada; godrões reentrantes no bojo; asa com motivos vegetalistas em relevo. Tampa com godrões radiantes, sobrepujada por pega simulando folhagem, com dois meios círculos recortados e vazados, ligeiramente desencontrados e encostados no topo. A tampa assenta no frete, sem encaixe.
Decoração com realces a ouro. Relevos dourados, base e bordo com filetes de realce. Diametralmente oposto à asa, ao centro do bojo, apresenta o monograma M da rainha D. Maria II, coroado.
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Origem/Historial: Pelo casamento de D. Maria II com D. Fernando de Saxe-Coburgo Gotha, terá chegado ao Palácio das Necessidades uma enorme quantidade de peças para a mesa real, adquiridas em torno de 1836. Registado em 1840, sob o título Trem [de meza] que veio de França, encontramos o serviço de mesa e sobremesa depois designado Casquinha: cerca de 500 peças, todas com o "M" coroado de D. Maria II. Em branco e dourado para os primeiros pratos e grande policromia para a sobremesa – com flores, frutos, aves e figuras em traje regional ao centro das peças, com barra floral sobre fundo verde-água na aba. É um testemunho da melhor cerâmica oitocentista de mesa e da porcelana como arte decorativa de excelência.
Foi fabricado em França por Edouard Honoré, com manufactura em Champroux (Allier) e oficina de decoração em Paris.
Este serviço destinava-se a servir à russa – o protocolo de mesa então em vigor – e contava, como era habitual nos serviços de Ed. Honoré, com um conjunto sumptuoso de fruteiros de formas várias que integravam o serviço de sobremesa, de intensa policromia. Ocupariam os centros de mesa, em lugar de destaque no eixo longitudinal da mesa, ao longo de toda a refeição, formando caminhos de mesa luxuosos e coloridos.
ANTT, Casa Real, Cx. 6530, Testamento e papéis pertencentes à herança do rei D. Fernando. Relação da Real Mantearia, Palácio das Necessidades, 1 janeiro 1840
APNA, Direcção Geral da Fazenda Pública, Arrolamento do Palácio da Ajuda, 21.08.1911, vol. 4, fls. 1376v-1377
APNA, Direcção Geral da Fazenda Pública, Arrolamento do Palácio das Necessidades, vol. 2, Arrecadação, fl. 680v a 681v.
[Tabela histórica da exposição D. Maria II, 2020-21]
Este serviço foi utilizado nas cerimónias do casamento do Rei D. Luis I com D. Maria Pia de Sabóia, em 1862. Terá sido ainda servido no casamento de D. Carlos com D. Amélia de Orléans, designado na documentação como 'serviço das festas'.
CORREIA, Cristina Neiva, "M de Maria, entre flores, frutos, aves e retratos... O serviço das festas", in Clara Moura SOARES | Marize MALTA (Ed.), Actas do Colóquio D. Maria II, Princesa do Brasil, Rainha de Portugal - Arte, Património e Identidade, 2019, pp. 165-174
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Incorporação: Adquiridas no leilão do Palácio do Correio-Velho, 4 e 5 de Nov. 1992, e oferecido pelo Banco Totta e Açores (Lote 343-344).
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Centro de Fabrico: Champroux Allier (branco); Paris (decoração)