Xairel de Arreio de montada à militar, à inglesa, com armas reais

  • Museu: Museu Nacional dos Coches
  • Nº de Inventário: A 0224
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Meios de transporte
  • Autor: Autor desconhecido (-)
  • Datação: 1850/1875
  • Técnica: Bordado de aplicação.
  • Dimensões (cm): Comp. 128 x Alt. 72
  • Descrição: Xairel em flanela de lã azul escura, agaloada e bordada a prata dourada e matiz e forrada a tecido de algodão creme e oleado preto. É constituído por duas metades idênticas, arredondadas na extremidade superior e pontiagudas na metade inferior. O galão (58 mm) apresenta as orlas onduladas e é decorado com folhas de carvalho e landes, formando friso contínuo. Nos ângulos inferiores, as armas reais portuguesas sobre pavilhão, em bordado de aplicação bastante relevado, a prata dourada deitada (fio liso e crespo), canutilho e lantejoulas. O relevo acentua-se na direcção do campo central do escudo, sendo os diferentes níveis demarcados por cordão de prata dourada, aplicado sobre pequenas lantejoulas. O escudo é circundado por folhagem e sobrepujado pela coroa real forrada de veludo carmesim e bordada na base a matiz castanho, verde e amarelo. A coroa correponde à parte mais elevada do bordado, feito sobre um suporte de flanela azul, recortada e aposta à mantinha. Sensivelmente a meio da peça encontram-se quatro fitas de algodão negro, dispostas verticalmente duas a duas. O forro foi reforçado na metade inferior da peça, onde o peso é maior, com oleado preto. Ainda no reverso, em cima, cinco argolas metálicas, sendo as três centrais modernas e de menor diâmetro. O xairel militar era colocado sobre o selim por vezes ornamentado com rendas de ouro e preta e bordado com armas que identificavam o cavaleiro ou o regimento ou o grau dos oficiais.
  • Origem/Historial: A Reforma dos Uniformes do Exército, decretada em 1806 e dada à estampa nesse mesmo ano, dedicava um capítulo aos arreios, em cujos parágrafos IV, V e VI se estabelecia o tipo de arreios e demais acessórios de cavalaria que seriam usados pelos Oficiais "que para o exercício dos seus Postos servirem a cavallo", todos eles com ferragens amarelas, coldres e xairéis ou mantinhas de pano azul ferrete guarnecido de galão. Em relação às mantas, decretava-se que deveriam cobrir o cavalo "desde as espadoas até aos quadriz", sendo forradas de oleado, assim como as capas dos coldres. Este tipo de revestimento interno tinha, como facilmente se entende, a vantagem de ser mais duradouro do que qualquer tecido - nomeadamente os forros de algodão, de uso corrente até à época -, evintando também que a peça ficasse manchada com o suor do cavalo. Quanto às guarnições, elas dependiam das patentes dos Oficiais, compondo-se de um ou dois galões distanciados entre si de uma polegada, variando na largura e dimensões dos desenhos. Apesar da distância que medeia a Reforma e a feitura do xairel em apreço, poder-se-á concluir que as necessidades práticas e o cariz eminentemente utilitário destas peças mantiveram intactas, durante quase um século, as suas características de fabrico.
  • Incorporação: Administração da extinta Casa Real. Fundo antigo do Museu.

Bibliografia

  • Uniformes do Exército Decretados em 1806. Lisboa: Impressão Régia, 1806

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