Xairel de Arreio de montada de cavalaria, Indiano

• Museu: Museu Nacional dos Coches
• Nº de Inventário: A 0251
• Super Categoria: Arte
• Categoria: Meios de transporte
• Autor: Autor desconhecido (-)
• Datação: 1872
• Técnica: Bordado directo.
• Dimensões (cm): Alt. 180 x Larg. 132
• Descrição: Xairel de recorte rectilíneo na parte inferior e bilobado na extremidade oposta, com estrangulamento central, na zona de contacto com a sela. O veludo roxo do anverso é contornado por tira de veludo negro, franjada e bordada a ouro e a lantejoulas douradas. No bordado fitomórfico de pendor orientalizante, em fio de ouro deitado sobre enchimento de algodão, predominam as palmetas que na cercadura negre são delimitadas por duas linhas serpentinas, alongadas e contrapostas, formando alinhamento ondulado contínuo. Aqui, as palmetas dispõem-se alternadamente em sentidos opostos e prolongam-se na parte superior, por duas folhas bifurcadas; o campo encontra-se semeado de lantejoulas douradas. Já sobre o veludo roxo, com evidente falta de pêlo no topo, desenvolve-se um bordado mais denso embora confinado a uma faixa localizada na parte inferior da peça. Nos ângulos, três palmetas unidas por haste larga e inscritas num arco canopial. Ao centro, repete-se o motivo das três palmetas, agora inscritas num arco trilobado, a partir do qual se desenvolvem de ambos os lados e simetricamente, escamas descentradas que contêm trifólios semelhantes a tupilas estilizadas. Todo o campo superior, correspondente a cerca de 2/3 do xairel, é definido por um delicado friso de enrolamentos. Em baixo, junto à faixa acima descrita, três palmetas individualizadas e delimitadas por um arco contracurvado marcando os ângulos internos e o eixo vertical. Na zona superior, dentro de cada um dos lóbulos, uma flor de grandes dimensões com doze pétalas (assemelha-se a um girassol), inscrita num círculo definido por lantejoulas disseminadas sobre o veludo. As pétalas são rematadas por um pequeno laço e por um trifólio - igualmente bordados a fio de ouro - e o centro da flor surge destacado por meio de lâminas de ouro sobrepostas, tácnica também utilizada em todas as palmetas. No reverso, o xairel é forrado a seda verde-clara e roxa, esta última reduzida a uma cercadura de contorno. A seda verde, no entanto, apresenta três listas longitudinais, em roxo e branco. Nos ângulos inferiores da peça, uma borla franjada a ouro, constituída por cone e esfera de seda, interligados e revestidos a ouro, com um friso de seda carmesim no ponto de intersecção dos dois registos. O xairel é uma manta de formato tendencialmente retangular que cobre a garupa do cavalo atrás do selim. Era colocada por baixo ou junto a este para evitar ferimento ou atrito no dorso do cavalo.
• Origem/Historial: O Infante D. Augusto, filho de D. Maria II e de D. Fernando de Saxe Coburgo-Gotha, foi promovido, em 2 de Julho de 1870 a general de brigada, assumindo o comando da expedição enviada à Índia para dominar a guarnição de Goa que se revoltara contra o Governador português, o Visconde de S. Januário. Saído de Lisboa em 1871, regressou à capital em 1 de Maio do ano seguinte, trazendo consigo a notícia de uma grande vitória e algumas ofertas de amigos goeses, entre as quais se contavam os acessórios de cavalaria que hoje integram o espólio do M.N.C. O conjunto, constituído por sela e respectivo arreio, foi oferecido ao Infante por Gòvinda Sinai Dempó, um hindu proveniente de uma família de Brahmas, que receberia o título de Barão de Dempó. Como foi possível apurar, à data de 1981, os descendentes do ofertante viveriam ainda em Santa Cruz, Ilhas (Goa), tendo como representante actual Vishnu Sinai Dempó.
• Incorporação: Casa Real Portuguesa.