Trombeta da Charamela Real de D. José I

  • Museu: Museu Nacional dos Coches
  • Nº de Inventário: IM 0040
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Instrumentos musicais
  • Autor: Autor desconhecido (-)
  • Datação: 1761
  • Técnica: Prata levantada, soldada, recortada e parcialmente dourada.
  • Dimensões (cm): Comp. 71 x Larg. 9 x Diâm. 11,9
  • Descrição: Trombeta da Charamela Real composta por tubo dobrado, terminando em pavilhão e campânula. A campânula é reforçada por coroa em prata dourada laminada, revirada no interior da campânula e recortada no bordo superior, onde se inscreve a seguinte decoração: cercadura de lourel, legenda transcrita sobre fundo puncionado, acantos e rosetas. As armas reais portuguesas, repetidas três vezes, assentam sobre cartela de volutas assimétricas sendo encimadas por coroa fechada que interrompe a moldura superior. A meio do pavilhão, um nó achatado em prata dourada, onde se repetem as armas usadas por D. José I sobrepujadas por coroa real incompleta e separadas entre si por elementos entrançados em relevo. O nó é prolongado por dois encaixes dourados com decoração incisa. No ponto de intersecção dos tubos existem cinco encaixes cilíndricos, dourados e recortados, em tudo semelhantes ao suporte do bocal, inexistente. Os tubos apresentam-se unidos por uma peça de madeira transfurada longitudinalmente, em torno da qual se enrola o cordão de prata de quatro cabos, suspenso e rematado por borlas franjadas do mesmo material. A argola de suspensão, soldada ao tubo, é ornamentada com contas.
  • Origem/Historial: Trombeta natural em ré (no actual diapasão), antigamente em mi bemol. Fazia parte da Charamela Real, corpo de trombetas de corte e legítimo sucessor da alta música do século XVI, composto por vinte e quatro trombetas de prata e quatro tímbales. Durante muito tempo os vocábulos "charamela" e "trombeta" foram sinónimos, embora a primeira consistisse num instrumento de madeira com dez orifícios, tocado unicamente por homens de raça negra. Por determinação do Senado, em 25 de Agosto de 1717, pretendeu-se pôr fim a esta tradição burlesca sem que, contudo, ela fosse inteiramente suprimida. Assim, "charamela" passou a ter um significado colectivo, designando o conjunto de instrumentos de sopro. As vinte trombetas do acervo do M.N.C. - a que se juntam duas outras datadas de 1785 -, imitavam as trombetas da guarda de corpo de Versalhes, como se pode avaliar pelas recolhas de música da Charamela. Os músicos organizavam-se em quatro grupos de seis trombetas e um tímbale e interpretavam cinquenta e quatro cortejos diferentes, que compõem os ainda intactos Livros de Música. Estes cortejos testemunhavam do virtuosismo dos instrumentistas, sendo os excertos musicais tocados ininterruptamente e sem que os instrumentos pudessem ser regulados, pois não possuem quaisquer orifícios de afinação. A versão histórica divulgada pela antiga bibliografia, segundo a qual as trombetas teriam sido utilizadas por ocasião das cerimónias de inauguração da estátua equestre de D. José I, parece hoje pouco verossímil pelo hiato existente entre as datas gravadas nos instrumentos e a referida estátua, inaugurada para comemorar os vinte anos do Terramoto de 1755.
  • Incorporação: Palácio das Necessidades.

Bibliografia

  • BÔTO, J[oaquim] M[aria] P[ereira] - Prontuário Analítico dos Carros Nobres da Casa Real Portuguesa e das Carruagens de Gala, tomo I. Lisboa: Imprensa Nacional, 1909
  • Catálogo da Exposição De Picadeiro a Museu/De Museu a Picadeiro. Lisboa: IPM/MNC, 1995
  • Catálogo da Exposição The Age of the Baroque in Portugal. Washington: Jay A. Levenson, 1993
  • Catálogo da Exposição Triomphe du Baroque. Bruxelles: Fond. Europalia International, 1991
  • FREIRE, Luciano - Catálogo Descritivo e Ilustrado do Museu Nacional dos Coches. Lisboa: 1923
  • KEIL, Luís - Catálogo do Museu Nacional dos Coches, 1943. Lisboa: 1943
  • SILVA, Maria Madalena de Cagigal e - O Museu Nacional dos Coches - O Edifício, o Museu, as Colecções, (Colecção "Albuns de Arte Portuguesa"). Lisboa: Imp. Nacional/Casa da Moeda, 1977
  • TARR, Edward H. - "Die Musik und die Instrumente der Charamela Real in Lissabon", in Forum Musicologicum II (Basler Studien zur Interpretation der Alten Musik). Basel: 1980
  • TARR, Edward H. - Die Trompete (Hallwag Verlag Bern und Stuttgart), 1/1977. Mainz: B. Schott's Sohne, 1984

Exposições

  • Triomphe du Baroque

    • Bélgica, Bruxelas, Palais des Beaux-Arts
    • Exposição Física
  • Triunfo do Barroco

    • Lisboa, Centro Cultural de Belém
    • Exposição Física
  • Age (The) of the Baroque in Portugal

    • E.U.A., Washington / San Diego
    • Exposição Física
  • Festival de Música Barroca

    • Vila Real, Solar Mateus
    • Exposição Física
  • Fábrica de Sons

    • Lisboa, Museu da Música
    • Exposição Física

Multimédia

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