Técnica: Madeira entalhada, policromada e dourada; bronze fundido em molde, laminado, repuxado, recortado, vazado, cinzelado e dourado.
Dimensões (cm): Comp. 237 / 94 (c/ e s/ varais) x Alt. 158 x Larg. 76
Descrição: Cadeirinha em estilo Império, constituída por caixa prismática de base semicircular e por dois varais amovíveis, lavrados na face externa. A caixa é exteriormente revestida de couro negro com aplicações de marroquim vermelho e, sobre este, ornatos em bronze dourado que delimitam os painéis.
Possui três janelas elevatórias de recorte rectangular: duas na parte anterior dos alçados laterais e uma na portinhola, que corresponde ao alçado diantei... Ver maisro. Do puxador da portinhola, originalmente munido de gancho, resta apenas a ferragem cravada à ilharga da caixa.
O tejadilho, articulado e ligeiramente abaulado, é exteriormente revestido de couro negro, em muito mau estado de conservação. Os ornatos acima referidos formam friso contínuo constituído por coroas de louro ovaladas, que contêm uma roseta de doze pétalas e são percorridas longitudinalmente por filete liso; o friso é delimitado por cercadura perlada fixa à estrutura de madeira por meio de pregos. Nos pés-direitos da portinhola foi aplicado um friso mais estreito de entrelaços, dentro dos quais se inscrevem pequenos elementos fitomórficos de recorte losangular, também ele definido por moldura perlada, que se repete nos caixilhos das janelas (pintados de vermelho) e no suporte triangular que sustenta a parte posterior da caixa.
Junto à cornija desenvolve-se uma pequena sanefa polilobada de marroquim pespontado, cada lóbulo contendo um medalhão oval; nos interstícios, e em alternância com aqueles, distinguem-se borlas franjadas que, à semelhança dos medalhões, foram feitas a opartir de uma lâmina de bronze. Acima, na própria cornija, existe um friso idêntico ao dos pés-direitos, do qual se distingue pelo facto de incluir flores de seis pétalas ao centro de entrelaços. Por último, na parte inferior dos alçados laterais, junto à ilharga, foi aplicado um friso de acantos.
Os apainelados laterais são dominados pelo monograma do proprietário, inscrito num medalhão definido por lourel. Também de lado e sensivelmente a meia altura da caixa, encontram-se as passadeiras ou "mãos" rectangulares para encaixe dos varais, decoradas com motivos vegetalistas excisos. Entre estas peças e a estrutura existem pequenas placas de madeira recortadas à medida e douradas, através das quais passam os parafusos de fixação.
No alçado traseiro, a decoração resume-se a um duplo medalhão assente sobre fundo de marroquim e definido por lourel e cercadura perlada, dentro do qual se inscreve o brasão descrito. De ambos os lados de medalhão e simetricamente dispostos em relação a este, um festão clássico; no eixo vertical, dois medalhões, um circular e outro ovalado, contendo respectivamente uma flor de oito pétalas e um florão; um duplo enrolamento fitomórfico
encima o todo.
Interiormente, a cadeirinha é revestida de damasco creme, o da caixa e da almofada oitocentista, de fabrico francês, e o do tecto do século XVIII. Este último, apresenta ampla decoração floral enquanto o primeiro é dominado por ramagens oblíquas dentro das quais se inscrevem delicadas composições fitomórficas de recorte losangular. A almofada do banco, rectangular e baixa, é contornada a cordão de ouro e possui enchimento de palha, visível através do rasgão existente na face superior da mesma; o respectivo avental é franjado a seda amarela. O tecto é contornado por franja dourada. Cada uma das janelas possui uma cortina de tafetá de seda vermelha, franjada do mesmo e suspensa de um cordão entrançado por meio de finos aros metálicos.
Para elevação das janelas, cujo intradorso é definido por galão de ouro, a moldura inferior tem suspensa uma fita de passamanaria carmesim, com estrias oblíquas de ouro. Apenas o vidro do alçado lateral esquerdo parece ser original, estando o da direita quebrado num dos cantos inferiores. Junto às janelas e sobre as vigas verticais que as separam dos apainelados posteriores, foi aplicada uma fita agaloada a ouro que descreve três argolas idênticas.
A parte posterior do parsevão, abaulada, é forrada de couro castanho e pregaria; na metade anterior não existe qualquer tipo de revestimento.
Origem/Historial: A cadeirinha foi depositada no Museu pelo administrador do 4º Bairro, por ordem da Comissão Central de execução da Lei da Separação (Ministério da Justiça e dos Cultos), sendo a respectiva entrega autorizada pela Mesa Administrativa (Casa do Despacho). Com esta transferência, libertava-se uma das tribunas do altar-mor da Igreja, até então ocupada por uma peça de dimensões consideráveis e totalmente desnecessária ao culto. A cadeiri... Ver maisnha apresentava-se sem forro interior quando deu entrada no Museu.