Carruagem de Gala do 1º Visconde de Porto Covo da Bandeira

  • Museu: Museu Nacional dos Coches
  • Nº de Inventário: V 0045
  • Super Categoria: Arte
  • Categoria: Meios de transporte
  • Autor: Autor desconhecido (-)
  • Datação: 1825
  • Técnica: Madeira entalhada e policromada; pintura a óleo; prata repuxada, recortada, fundida, soldada, dourada e cinzelada; vidro soprado; bordado de aplicação.
  • Dimensões (cm): Comp. 505 x Alt. 218 x Larg. 191 x Diâm. 98 / 138 (rodas dianteiras e traseiras) x Esp. 5,5 (rodas dianteiras e traseiras)
  • Descrição: Carruagem de gala de caixa pintada de negro com filetes e cercaduras douradas, suspensa de molas de aço em "C". O acesso ao interior da caixa é feito por meio de estribos de escada, de recolher. O tejadilho plano, é circundado por platibanda em casquinha inglesa, recortada e cinzelada, que define o seu perímetro. Nos ângulos superiores, quatro lanternas amovíveis, em casquinha prateada e vidro Ao centro das portinholas, foi pintado o brasão de armas do proprietário dentro de coroa vegetal. A caixa é internamente revestida de flanela de lã de cor creme, com largos galões de lã e de algodão em tons de azul e vermelho, decorados com motivos vegetalistas (vinha virgem). O tecto apresenta um revestimento de flanela guarnecida com o mesmo tipo de galão e as armas do antigo proprietário em bordado de aplicação. As almofadas dos bancos são forradas de gorgorão vermelho. A almofada do banco do cocheiro, em couro castanho, assenta sobre uma grelha metálica e possui saia de flanela de lã vermelha aplicada sobre cartão. Tem guarnição com grande franja de cadilhos amarelos, borlas e galão na parte exterior. Marca do fabricante Garret´s Coach Manufactory, Cheltenham nas molas da suspensão da caixa. No exterior, lança, acessório de viatura, varal de madeira, fixado na estrutura da viatura (tesouras) que fai a ligação/ encaixe (neste caso encaixe vertical com um encaixe inferior metálico) entre a viatura e a atrelagem dos animais, apenas na parelha do tronco (mais próxima da viatura). CARRUAGEM, CARRUAGEM de Gala - As carruagens têm origem em Inglaterra (Séc. XVIII). No início do séc. XIX a influência francesa na construção de viaturas reais e da nobreza portuguesa, é substituída pela técnica inglesa. Esse facto foi originado pela dificuldade do fornecimento das encomendas, motivada pela instabilidade vivida em França em resultado da Revolução de 1789. Na carruagem, a segurança da condução é facilitada pela elevação do banco do cocheiro e a introdução de lanternas para maior visibilidade e o conforto melhora com a nova suspensão da caixa por correias curtas e molas de aço em forma de C.
  • Origem/Historial: * Forma de Protecção: classificação; Nível de Classificação: interesse nacional; Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas; Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro; Acto Legislativo: Decreto; N.º 19/2006;18/07/2006 * Barão de Porto Covo da Bandeira foi um título criado por decreto de 17 de Agosto de 1805, da rainha D. Maria I de Portugal, a favor do grande capitalista Jacinto Fernandes Bandeira.1 É considerado o primeiro baronato financeiro criado em Portugal. A carruagem, designada por "Berlinda" no título de doação assinado pelo próprio proprietário, foi levantada na Rua de S. Domingos, à Lapa, nºs 28-34, em Lisboa. Quando deu entrada no Museu apresentava-se incompleta, faltando-lhe duas lanternas, dois puxadores das portinholas, dois brasões na almofada do cocheiro e diversas guarnições no interior. Os respectivos arreios de tiro foram entregues posteriormente, também eles incompletos. Numa estampa que pertenceu à colecção Luís Burnay e da qual se guarda um registo fotográfico no Arquivo do Museu, pode ler-se: "STATE CARRIAGE / Built for Baron de Pontecarvo (sic), a Portuguese Nobleman at / GARRATT'S.COACH MANUFACTORY. / HIGH STREET, CHELTENHAM. / Printed & Published by S. Y. Griffith & Cº Cheltenham". Com base neste documento gráfico, foi possível identificar o fabricante da carruagem.
  • Incorporação: 1º Visconde de Porto-Côvo da Bandeira, antigo proprietário.
  • Centro de Fabrico: Cheltenham

Bibliografia

  • BESSONE, Silvana - Museu Nacional dos Coches, Lisboa. Lisboa: IPM/Paribas, 1993
  • COUTO, João - "Relatório da Direcção dos Museus Nacionais de Arte Antiga, Respeitante ao Ano de 1938", in Boletim dos Museus Nacionais de Arte Antiga, vol. I, nº 1. Lisboa: Janeiro de 1939
  • GUEDES, Natália Correia - Museu Nacional dos Coches. Lisboa: A. P. Edições, 1986
  • KEIL, Luís - Catálogo do Museu Nacional dos Coches, 1943. Lisboa: 1943
  • MACEDO, Silvana Costa - Museu Nacional dos Coches - Roteiro, 2ª ed.. Lisboa: IPPC, 1989
  • PEREIRA, João Castel-Branco - Viaturas de Aparato em Portugal, (Colecção "Património Português"). Lisboa: Bertrand Editora, 1987
  • PINTO, Augusto Cardoso - Museu Nacional dos Coches - Guia do Visitante (Ilustrada), 5ª ed.. Lisboa: 1963
  • Salons de la Voiture (Les), Connaissance des Arts, n. 176, Out. 1966. Paris: 1966
  • SILVA, Maria Madalena de Cagigal e - O Museu Nacional dos Coches - O Edifício, o Museu, as Colecções, (Colecção "Albuns de Arte Portuguesa"). Lisboa: Imp. Nacional/Casa da Moeda, 1977