Liteira

• Museu: Museu Nacional dos Coches
• Nº de Inventário: V 0066
• Super Categoria: Arte
• Categoria: Meios de transporte
• Autor: Autor desconhecido (-)
• Datação: 1760/1785
• Técnica: Madeira entalhada, e policromada; pintura a óleo; bronze fundido em molde e dourado; ferro forjado e dourado.
• Dimensões (cm): Comp. 379 x Alt. 158 x Larg. 82
• Descrição: Liteira constituída por caixa trapezoidal aberta e por dois pares de varais idênticos, um à frente e outro na parte posterior do veículo. Os varais, de secção quadrangular, são pintados de verde escuro e filetados de ouro, apresentando um recorte rectangular junto às extremidades; fixam-se aos painéis laterais da caixa por meio de cravos quadrangulares e cada um deles é reforçado por uma haste de secção octogonal em ferro dourado, dividida a meio por nó oitavado. Estas hastes, dispostas obliquamente entre os varais e os vértices inferiores da caixa, têm por função melhorar a estabilidade da liteira. A caixa possui uma única vidraça no alçado dianteiro, de recorte inferior ondulado, articulada verticalmente por meio de duas fitas entrançadas e rematadas por borlas franjadas. É integralmente pintada de verde, com excepção das composições figurativas dos apainelados e das ilhargas, em que se representam deuses da mitologia clássica sobre fundo ocre. Na portinhola direita representa-se o Rapto da Europa que, à semelhança das demais composições figurativas, imita a pintura a sanguínea, sendo o rema central delimitado por cercadura rocaille. Na portinhola oposta, a deusa Palas com a sua lança e escudo. Também no alçado direito os painéis laterais representam Neptuno e Belona, enquanto no esquerdo figuram Apolo e Mercúrio. Ambas as portinholas possuem pequenos puxadores dourados de argola e palheta. O painel dianteiro é preenchido pelas representações de Eolo e os quatro ventos e, num plano inferior, Diana e Saturno, este empunhando uma longa foice. O alçado posterior da caixa é constituído por dois painéis distintos, o superior contendo o brasão de armas descrito e o inferior ornamentado com uma cena campestre. Nos pequenos painéis das ilhargas representam-se personagens alusivas à caça (duas figuras femininas e duas masculinas). O tejadilho, alteado junto à cornija e rebaixado na parte central, é revestido de couro negro contornado por duas ordens de pregaria dourada: a primeira cónica e a segunda semiesférica. Possui oito pequenos terminais de bronze (?) em forma de balaústre, dispostos axialmente em relação às ilhargas. Interiormente, a caixa é revestida de damasco vermelho setecentista, com ampla decoração floral, sendo visível no apainelado da portinhola esquerda um remendo moderno de grandes dimensões. O tecto é revestido do mesmo tecido e contornado a franja de seda carmesim.
• Origem/Historial: * Forma de Protecção: classificação; Nível de Classificação: interesse nacional; Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas; Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro; Acto Legislativo: Decreto; N.º 19/2006;18/07/2006 * Esta liteira pertenceu à rainha D. Maria Pia e, quando foi incorporada no acervo do Museu dos Coches, encontrava-se desprovida de varais. Segundo o Catálogo do Depósito I (1905), no seu estado original, tanto podia ser transportada por meio de varais como adaptada a rodados.
• Incorporação: Fundo Antigo do Museu