Descrição: Viatura de viagem com caixa de couro e madeira pintada a preto e vermelho, janela quadrangular à frente e pequeno postigo atrás. Tem quatro lugares "vis a vis" e dupla capota de couro preto rebatível. Duas lanternas circulares. As rodas têm guarda lamas de couro e a suspensão é feita por molas de pinça à frente e de semi pinça atrás. Travão de volante. No interior, os bancos são de couro preto capitoné, as paredes são de lã azul escura e as portinholas são forradas de couro azul, capitoné, debruado a flanela azul.
Nas portinholas a esfera armilar foi sobreposta ao escudo de armas reais, tendo sido utilizado ao serviço da Presidência da República.
Origem/Historial: Viatura adquirida pela Casa Real Portuguesa, que passou no período pós-República para as Equipagens da Presidência.
Por despacho de 3 de Setembro de 1948, o Ministro das Finanças determinava que as carruagens pertencentes à Presidência, bem como as depositadas no Palácio Nacional da Ajuda, fossem integradas na colecção do M.N.C. Dado que as obras de ampliação do M.N.C. não estavam ainda concluídas, ficou estabelecido que as primeiras viaturas ficassem temporariamente recolhidas na Ajuda, que apresentava melhores condições de conservação do que as oferecidas pelo Palácio de Belém. Esta disposição não foi cumprida por falta de espaço onde acomodar os carros e respectivos arreios, ficando, no entanto, o conservador do Paço da Ajuda responsável pela limpeza e manutenção das viaturas seleccionadas e, bem como dos seus pertences.
Na direcção de Augusto Cardoso Pinto (1957), foi transferida a título provisório para o paço Ducal de Vila Viçosa por não haver em Belém lugar para a expor convenientemente.
A Casa Mühlbacher foi fundada em Paris no ano de 1797, por Georges-Geoffroy Mühlbacher. Contava-se entre os principais fabricantes parisienses de viaturas, a par de Binder, Rothschild, Morel e dos irmãos Milion-Guiet. Originalmente instalada na Rue de la Planche, 14, a partir de 1829 a oficina de viaturas passou a ser gerida pelos dois filhos do proprietário, Geoffroy e Jean-Louis. Nesta fase, a marcenaria e ferragem estavam separadas das restantes oficinas, que empregavam em média 200 operários.
Em 1855, foi criado o famoso "stand" de exposições, situado em plena Avenida dos Campos Elísios, onde eram apresentados a público os novos modelos de malas-postas e de "Drags" (mala-posta de passeio) que ficariam para sempre associados à mentalidade e ao gosto da Belle-Epoque.
Nos alvores de 1900, a empresa construtora passava para Pierre Charpentier, que deste modo sucedia a Louis-Gustave Mühlbacher, neto do fundador e último representante de tão ilustre família.