Descrição: Escultura de vulto de um grupo escultórico não agregado, em barro cozido, representando a figura de um Apóstolo, sedente, pertencente a uma Última Ceia. Apresenta-se, em torção para a esquerda, com a cabeça ligeiramente voltada à direita. Tem o rosto marcado por olhos salientes, nariz longo, barba encaracolada e bifurcada, cabelo liso, com corte recto abaixo das orelhas, apartado a meio e com franja. Veste túnica abotoada e justa no peito, presa na cintura, caindo com pregas agrupadas sobre as pernas. Está descalço, com os pés cruzados, estando o esquerdo avançado. Está muito mutilado, conservando actualmente a cabeça, o tronco, e as pernas.
Origem/Historial: * Forma de Protecção: classificação;
Nível de Classificação: interesse nacional;
Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei nº 107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas;
Legislação aplicável: Lei nº 107/2001, de 8 de Setembro;
Acto Legislativo: Decreto; Nº 19/2006; 18/07/2006*
Esta obra faz parte de um conjunto - Última Ceia - executado para a Capela do Refeitório do Mosteiro de Santa Cruz. Em 1866, Joaquim Possidónio da Silva mandou cortar as peças, fazendo-as deslocar para Lisboa, para a Associação dos Architectos e Arqueólogos. Alertado por Martins de Carvalho (em "O Conimbricense"), o Presidente da Câmara - Dr. Manuel dos Santos Pereira Jardim - reclamou a restituição das peças. Encontravam-se completamente desintegradas, pelo que se foram dispersando pela cidade. António Augusto Gonçalves, desde finais do séc. XIX, dedicou-se à reconstituição do conjunto, comprando algumas peças e reunindo todos os fragmentos possíveis.
Incorporação: Desconhecido. Mosteiro de Santa Cruz. Coimbra
Bibliografia
A Escultura de Coimbra do Gótico ao Maneirismo (cat. exp.). Coimbra: Câmara Municipal de Coimbra, 2003
ANDRADE, Sérgio Guimarães de - Escultura Portuguesa. Lisboa: CTT Correios de Portugal, 1997
CARVALHO, J. M.Teixeira de - Cerâmica Coimbrã no Séc. XVI. Coimbra: Imprensa da Universidade, 1921
CORREIA, Vergílio - Obras, vol. I. Coimbra: 1946
CORREIA, Vergílio - Obras, vol. III. Coimbra: 1953
CORREIA, Vergílio - Secções de Arte e Arqueologia. Coimbra: MNMC, 1941
CORREIA, Vergílio; GONÇALVES, António Nogueira - Inventário Artístico de Portugal - Cidade de Coimbra. Lisboa: 1947
DIAS, Pedro - A Arquitectura de Coimbra na Transição do Gótico para a Renascença, 1490-1540. Coimbra: Epartur, 1982
DIAS, Pedro - A Presença de Artistas Franceses no Portugal de Quinhentos, in Mundo da Arte, nº15. Coimbra: 1983
GARCIA, Prudêncio Quintino - João de Ruão. Coimbra: 1933