Descrição: Um homem nu de pé, encostado a um rochedo, com os grandes pés contorcidos para dentro, de expressão angustiada, cruza os braços ao nível do peito e apoia desesperadamente o rosto na mão esquerda, numa atitude de angústia existencial, que cita directamente "O Pensador", de Auguste Rodin. Influências de Meunier se poderão apontar, igualmente, sobretudo na expressividade textural e aspereza do gesso. Apesar dos valores oitocentistas (ainda que os mais modernos, como o simbolismo) de que se enforma esta escultura do artista açoriano, Pedro Lapa considera-a, pela sua "recusa da tradição academizante e na liberdade de tratamento matérico associada a um desejo de inovação" (cf. catálogo do Museu do Chiado, p. 266), uma escultura que marca a charneira entre os séculos XIX e XX portugueses, e Raquel Henriques da Silva vê-a igualmente como uma "das mais inovadoras de toda a escultura nacional da primeira metade do século" (cf. Bilbiografia).
Origem/Historial: Adquirido pelo Estado em 1916.
Incorporação: Adquirido pelo Estado
Bibliografia
FIGUEIREDO, Maria Rosa - "'Apenas uma vez vi Rodin'". In Encontro de Escultura. Porto: FBAUP, 2005
HENRIQUES, Paulo - "Canto da Maya et la sculpture française". In Canto da Maya. Paris: C. C. Calouste Gulbenkian, 1995
HENRIQUES, Paulo, coord. - Canto da Maya. Lisboa: IPPC/ FCG, 1990
LAPA, Pedro - Museu do Chiado: Arte Portuguesa (1850-1950). Lisboa: IPM/ Museu do Chiado, 1994
SILVA, Raquel Henriques da - "Anos 30: O desejo de expressão, crítica e ultrapassagem do modernismo". In Panorama da Arte Portuguesa no século XX. Porto: Fundação de Serralves/ Campo das Letras, 1999
SILVA, Raquel Henriques da - "Sinais de ruptura: "livres" e humoristas". In PEREIRA, Paulo, dir. - História da Arte Portuguesa. Vol. 3. Lisboa: Círculo de Leitores, 1995
NUNES, Paulo Simões- «Canto da Maia», in PEREIRA, José Fernandes (dir.)- Dicionário de Escultores Portugueses. Lisboa: Caminho, 2005
ERNESTO CANTO DA MAIA (1890-1981) - O Escultor Português do Silêncio. Lisboa: [s.n.], 2010
Exposições
13ª Exposição da Sociedade Nacional de Belas Artes