Píxide / Hostiário

• Museu: Museu Nacional Grão Vasco
• Nº de Inventário: 1306
• Super Categoria: Arte
• Categoria: Escultura
• Autor: Autor desconhecido
• Datação: 1500/1530
• Técnica: Escultura em Baixo Relevo
• Dimensões (cm): Alt. 8,5 x Diâm. 12,2
• Descrição: Píxide circular, de marfim, com tampa e assente sobre quatro leões. A tampa possui a inscrição "Ave Grasias P" e as armas da Ordem de Cristo e da Coroa Portuguesa, esta última coroada por duas águias, ladeadas por anjos e colocadas em lados opostos; apresenta como coroamento uma Virgem com o Menino, muito danificada, que se encontra ladeada por dois anjos. O recipiente litúrgico, com a função de guardar as hóstias consagradas não utilizadas, é integralmente decorado com diversos elementos simbólicos lavrados em baixo-relevo e em vulto. A taça, assente em quatro pés em forma de leão, dispõe na face cilíndrica oito reservas nas quais se representam cenas do ciclo da Natividade de Jesus: a Árvore de Jessé, a Anunciação, a Visitação, a Natividade, a Adoração dos Pastores, Adoração dos Magos, a Apresentação do Menino no Templo e a Fuga para o Egipto. Na tampa, observa-se o fragmento do vulto da Virgem com o Menino, sentada numa almofada, sendo ladeada por dois anjos (também fragmentados). Nos discos que servem de base à Virgem encontra-se a inscrição “AVE GRASIA P” [Ave Gracia Plena], a Cruz de Cristo, as Armas de Portugal guardadas por duas aves (corvos?) e anjos tenentes. A píxide possui encasamentos relevados, moldurados com ornatos espirais, relacionados com a vida da Virgem. Estão representadas as cenas alusivas à Árvore de Jessé, à Anunciação, à Visitação, à Natividade, à Anunciação aos Pastores, à Apresentação no Templo e à Fuga Para o Egipto. As figuras humanas possuem a anatomia sugestionada e as cenas apresentam iconografia rigorosa e de fácil identificação. Segundo Pedro Dias, "Cristo Fonte de Esperança. Exposição do Grande Jubileu do Ano 2000", Porto, Diocese do Porto, 2000, p. 231, as cenas "são inspiradas ou decalcadas das xilogravuras do livro Horae Beatae Mariae Virginis, impresso em Paris em 1498, por Philippe Pigouchet para Simon Vostre (...)" É um dos mais raros e melhor conservados objectos de arte sapi-portuguesa (arte do grupo étnico Sherbro) sobreviventes no mundo, conhecendo-se, além desta, outras duas píxides, uma em colecção privada portuguesa e outra em Baltimore (E.U.A.). Este hostiário, realizado no melhor marfim extraído das presas de elefantes de floresta, adquire sentido no cenário da expansão portuguesa e na sua expressão de diálogo inter-cultural, integrando o conjunto de objectos chegados a Portugal desde o século XV e testemunhando uma indubitável presença dos portugueses na África Ocidental.
• Origem/Historial: Proveniente da Igreja de São Francisco das Chagas, em Viseu, deu entrada no Museu de Grão Vasco em 1918, sendo classificada como Tesouro Nacional devido à sua singularidade, raridade e testemunho histórico. * Forma de Protecção: classificação; Nível de classificação: interesse nacional; Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devam recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei n.º 107/2001, de 8 Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas; Legislação aplicável: Lei n.º 107/2001, de 8 de Setembro; Acto Legislativo: Decreto; N.º 19/2006; 18/07/2006 *
• Incorporação: Incorporada em 1918.
• Centro de Fabrico: Serra Leoa (arte sapi-portuguesa)