Descrição: Escarrador de forma irregular. Decoração relevada constituída pela sobreposição de ostras e mexilhões.
Origem/Historial: As escarradeiras (ou escarradores ou cuspideiras) eram utilizadas, no século XIX, como recipientes para o qual se cuspia, nomeadamente tabaco já mascado. Tinham uma forma arredondada e eram feitos de metal, esmalte branco, porcelana ou vidro. Podiam ou não ser decorados.
Estes artefactos ganharam, a partir do final do século XIX, um lugar nos hotéis, salões, lojas, bancos e comboios. Em algumas casas de luxo os escarradores eram vistos como elementos de pompa e circunstância.
A partir de 1918 a sua produção começou a diminuir, devido à mudança de costumes e à falta de higiene dos mesmos. Os escarradores potenciavam a transmissão de doenças altamente contagiosas, como a tuberculose.
A produção cerâmica de Rafael Bordalo Pinheiro incluía alguns escarradores, como o de "John Bull" e o do "Agiota (ou usurário)". A utilidade da peça, como o próprio nome indica, serviu para Bordalo Pinheiro criticar a sociedade da época, em que os usurários cobravam juros altíssimos e o povo inglês era tido como arrogante.
Hoje em dia os escarradores existem para práticas específicas, como as provas de vinhos (os enólogos necessitam de cuspir o vinho antes de provar o seguinte, de forma a não misturar os sabores), chá e café.
Incorporação: Doação de D.Fernanda Shirley.
Centro de Fabrico: Caldas da Rainha
Bibliografia
Faianças de Rafael Bordalo Pinheiro , Palácio Galveias (Catálogo). Lisboa: ed. da Câmara Municipal de Lisboa, 1985
O ceramista Rafael Bordalo Pinheiro, de Paulo Henriques, Sew do Brasil, 1996