Descrição: Painel de Azulejos em faiança polícroma: azul, amarelo e verde sobre branco. Incompleto.
Painel de Azulejos com emblemas morais.
Cercadura de folhagem acantizada, a amarelo e azul, limitada por 2 filetes a amarelo.
Composição complexa, com vários símbolos.
Em primeiro plano, um barco, com vários homens remando; tem uma grande vela e um grande mastro, com bandeira. No mar, 3 grandes peixes.
Para cima, no lado esquerdo, uma pirâmide, encimada por um crescente, com uma filactera, com legenda, não legível nesta imagem.
No lado direito um edíficio (cidade ?!), que tem por cima um elemento a verde, não identificado, com filactera por trás, que esta fotografia não permite leitura.
Em cima, no céu, nuvens, estrelas e o sol. Do lado direito, uma braço, que segura uma palma, inserida numa grande coroa, encimada por uma grande filactera, com uma legenda: NEGATA MACRUMDONATA REDUCITOPIMUM (a confirmar). A coroa e a palma estão mesmo por cima do mastro do barco.
Origem/Historial: "O magnífico painel Cat. 132 é um dos de leitura mais complexa e do qual conhecemos as gravuras que lhe serviram de base, retiradas da obra, de 1610, Emblemas Morales, de Sebastián de Covarrubias Orozco (1539-1613). Esta emprega diversos motes das Epístolas de Horácio (65 a.C.-8 a.C.), adaptando-as à linguagem simbólica de Covarrubias como: a (Palma) negata macrum; (Palma) donata reducit opimum ("a palma (prémio ou glória") negada é magra (ou pouca), a concedida é rica, traduzindo a ideia de que, "quando duas pessoas concorrem para algo, uma ganha e frutifica, e a outra perde e seca"); a Immote flectitur umbra (nempe pyramidis) ("a sombra (da imóvel pirâmide) é evidentemente flexível", que pode ser interpretado como "o homem junto permanece firme face às circunstãncias mutáveis que o atingem"); Spem vultu simulat ("o rosto deve disfarçar a expectativa", cuja leitura, simbolizada pelo cipreste, é que, "apesar da dor, deve sempre sugerir-se serenidade"). Estas imagens correspodem, respectivamente, aos motes 241, 149 e 167 dos Emblemas Morales. Para além destes, outros elementos foram retirados da mesma obra, ainda que os motes que os acompanham não tenham sido transpostos. Um deles, os peixes na base do painel, é retirado do emblema 88, Maiora minoribus obsunt ("Os grandes interceptam/prejudicam os pequenos", aqui expresso em grandes peixes que devoram os pequenos); o outro, o barco, retirado do emblema 179 com a legenda Remo et aura ("a remo e vela", traduzindo a ideia que "a fuga pode ser uma vitória").
Desconhecemos a proveniência desta complexa peça, podendo a sua leitura alterar-se consoante se considere ter estado aplicada num espaço profano ou religioso. Se a sua origem foi uma igreja ou um convento (aparentemente feminino, pela presença das remadoras), podemos ver aqui o exortar da fuga aos prazeres da carne e do mundo, que consomem os homens e que só aos justos, que escondem os contratempos e aparentam serenidade, será concedida a vitória."
Alexandre Pais in "Um Gosto Português. O Uso do Azulejo no séc. XVII", pp.272-275.
Incorporação: Desconhecido (Fundo Antigo).
Centro de Fabrico: Lisboa, Portugal
Bibliografia
"Um Gosto Português. O Uso do Azulejo no Século XVII", Catálogo da exposição temporária no MNAz, Edição Babel e MNAz, 2012.
Exposições
"Um Gosto Português. O Uso do Azulejo no Século XVII"