Descrição: A composição representada neste painel barroco é desproporcionada e desmesuradamente elevada, face à sua largura, criando um premeditado efeito visual ascensional onde se reúnem as representações de Nossa Senhora da Conceição e uma alminha. De emolduramento exuberante com carácter arquitetónico e cenográfico, a dimensão religiosa é acentuada pela cruz trifoliada que encima o espaldar recortado e pelos dois fogaréus que pretendem simbolizar a chama eterna da Fé e da Devoção. Na base do emolduramento duas cornucópias com flores pretendem glorificar a imagem representada ao centro, coroada e aureolada de estrelas, provavelmente alusão ao facto de ter sido designada por D. João IV, protetora de Portugal. Este rei colocara em 1640, sobre uma escultura de Nossa Senhora da Conceição, a coroa Real de Portugal impedindo que os reis subsequentes de virem a ser coroados. Surgindo num fundo de nuvens com cinco querubins à sua esquerda e quatro à direita, a Senhora traja túnica e manto esvoaçantes. Na base da figura encontram-se mais quatro querubins entre nuvens e outro parece espreitar por detrás da lua. Abaixo das nuvens uma figura zoomórfica com cabeça de dragão (?) e cauda de serpente simboliza o Mal. Numa reserva inferior uma alminha com a legenda “Devotos das almas hum P.(adre) N.(osso) E AV.(é) M.(aria). Aí observam-se seis personagens por entre as chamas, dispostas em leque, numa simetria que parece acompanhar a forma concheada do emolduramento.
Origem/Historial: Desde o início do século XVIII, que foram produzidos paineis devocionais e registos de carácter religioso para aplicação no exterior dos edifícios , para protecção divina. Não foi só em Lisboa que se adaptou esta tipologia dos registos e alminhas. Também em Coimbra podemos encontrar exemplos destes motivos como a imagem de Nossa Senhora do Carmo.
Incorporação: Adquirido à Casa Vilhena
Centro de Fabrico: Coimbra
Bibliografia
As colecções do Museu Nacional do Azulejo, Lisboa. Londres/Lisboa: Zwemmer Publishers Limited/Instituto Português de Museus, 1995
MECO, José - O azulejo em Portugal. Lisboa: Publicações Alfa, 1989
SIMÕES, João Miguel dos Santos - Azulejaria em Portugal no século XVIII. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1979
O encanto na hora da descoberta | A Azulejaria de Coimbra no século XVIII, MNAz , 2017
Exposições
Formas de Devoção
Museu Nacional do Azulejo, Lisboa
17/8/1999 a 10/10/1999
Exposição Física
O encanto na hora da descoberta. a azulejaria de Coimbra no século XVIII