Técnica: Modelação
Policromia a frio: pintura a têmpera ou técnica mista (óleo e ovo)
Dimensões (cm): Alt. 37 x Larg. 21 x Prof. 1
Descrição: Escultura: escultura de vulto. Figura de presépio.
Anjo assente em nuvens tendo, outrora, segurado algo na mão esquerda, eventualmente uma pauta, da qual é, ainda, perceptível um fragmento. As suas vestes têm várias cores: vermelho, amarelo, verde e azul. Os cabelos são encaracolados e claros.
Notas iconográficas:
Esta figura, assim como outro anjo cantor isolado do lado esquerdo, estariam colocadas por detrás do órgão, em segundo plano, emolduradas pela arquitectura que enquadra a orquestra.
Origem/Historial: Forma de Protecção: classificação;
Nível de Classificação: interesse nacional;
Motivo: Necessidade de acautelamento de especiais medidas sobre o património cultural móvel de particular relevância para a Nação, designadamente os bens ou conjuntos de bens sobre os quais devem recair severas restrições de circulação no território nacional e internacional, nos termos da lei nº 107/2001, de 8 de Setembro e da respectiva legislação de desenvolvimento, devido ao facto da sua exemplaridade única, raridade, valor testemunhal de cultura ou civilização, relevância patrimonial e qualidade artística no contexto de uma época e estado de conservação que torne imprescindível a sua permanência em condições ambientais e de segurança específicas e adequadas;
Legislação aplicável: Lei nº 107/2001, de 8 de Setembro;
Acto Legislativo: Decreto; Nº 19/2006;18/07/2006
O presépio (no qual se integra esta peça) provém do antigo Convento da Madre de Deus (hoje MNA).
Foi colocado originalmente num espaço próprio conhecido por Sala do Presépio, contíguo à Capela de Santo António, no segundo piso do edifício do convento ou casa do antecoro.
Entre as possíveis circunstâncias em que se situou a encomenda do presépio poderá ter estado um programa de glorificação da Virgem, no qual se enquadra a recepção de dádivas vindas de Roma, em 1731, sob a forma de relíquias várias relacionadas com A Virgem, incluindo, por exemplo, uma tábua do presépio ou berço.
Entre os encomendantes prováveis são apontados D. João V e o padre José Pacheco, ou ainda D. Pedro II ou D. Catarina de Bragança.
A sua função inicial relacionava-se com a celebração da Natividade realizada em ambiente de clausura.
A função actual de objecto museológico decorreu da sua incorporação pelo Estado após o decreto de extinção das ordens religiosas que se prolongou neste caso, por se tratar de um convento feminino, até à morte da última freira, ocorrida em 1871.
Não se sabe exactamente quando terá sido desmontado, mas sabe-se que quando foi incorporado no acervo do MNAA (ou Museu Nacional de Belas Artes e Arqueologia até 1884) já estaria desmontado.
A primeira exposição museológica de algumas das suas peças isoladas do conjunto ocorreu em 1882 na Exposição de Arte Ornamental Portuguesa e Hespanhola (não foi o caso desta peça).
Existiu um projecto de montagem do presépio na sua casa original nos anos 80 ( onde entretanto se instalou o MNA) , motivando o regresso do conjunto escultórico ao MNA, em regime de depósito, mas este projecto não teve continuidade por falta de bases para uma correcta montagem das peças dispersas.
Prevê-se uma remontagem do presépio em 2004 no local original da Sala do Presépio pela arquitecta Andreia Galvão.
Incorporação: Por despacho de 31/7/2009, do Director do Instituto dos Museus e da Conservação, foi autorizada a transferência a título definitivo do MNAA para o MNAz.
Estava em depósito no MNAz desde 1985.
Centro de Fabrico: Lisboa, Portugal
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