Cadeira de braços

• Museu: Casa-Museu Dr. Anastácio Gonçalves
• Nº de Inventário: CMAG 686
• Super Categoria: Arte
• Categoria: Mobiliário
• Autor: Autor desconhecido (-)
• Datação: 1750/1780
• Técnica: Talha
• Dimensões (cm): Alt. 150 x Larg. 77 x Prof. 62
• Descrição: Cadeira com espaldar alto, moldurado, de lados reentrantes, cantos arredondados, cachaço alteado, recortado e entalhado, e remate inferior igualmente recortado, criando uma caixa do tipo "violoné". As costas são inteiramente estofadas e revestidas de veludo lavrado vermelho. Braços recuados, encurvados, abrindo ligeiramente para fora, enrolando e alteando-se nas extremidades, prolongando-se numa linha contínua pelos apoios curvos, igualmente recuados, e embebendo na cintura. Assento traperzoidal estofado e revestido de veludo vermelho, com aro da frente, ilhargas e tardoz ondulado e recortado. pernas dianteiras curvas em "S", terminando em pés enrolados, apoiando-se em pequenos socos, e pernas traseiras colocadas no prolongamento dos apoios curvos do espaldar. Travejamento ondulado e moldurado, desenhando "X". A estrutura de madeira é percorrida por friso moldurado, numa linha contínua, interrompida nos cantos superiores e no cachaço. Este apresenta recorte assimétrico, profusamente decorado por composição de talha "rocaille", com vazamento central polilobado, ladeado e rematado por concheados, tratados como plumas, pequenos vazamentos, grande flor com botão e com folhas muito salientes e recortadas. Por biaxo do vazamento central observam-se grandes volutas em "C" desencontradas, preenchidas por motivos concheados e "cascas de amendoins", que se prolongam e estendem pelo cachaço, descendo pelos ombros e terminando em pendente de flores. Braços fortemente moldurados, decorados na face exterior por faixa concheada e, nas extremidades e na base dos seus apoios, por folhagem tratada diferentemente e com "casacas vegetais". O aro apresenta, na frente, recorte inferior de perfil assimétrico, salientando-se, ao centro, onde desenvolve avental com composição de volutas e concheados enrolados, dispõem-se, de um e de outro lado, assimetricamente, concheados, reservas rectangulares, volutas com folhagem e amores-perfeitos. Nas ilhargas retoma esta última composição, mas mais simplificada. Travessa traseira com recorte inferior percorrido por friso moldurado, com enrolamentos em volutas, ao centro, no meio dos quais se insere um pequeno motivo concheado, encimado por uma flor - amor-perfeito - ladeada por folhagem. As pernas apresentam, no recorte superior côncavo, ao centro, uma cartela "rocaille", envolvida por concheados, volutas e folhagem, que se prolongam pelos joelhos. Do enrolamento dos pés parte folhagem que sobe pela curvatura inferior da perna.
• Origem/Historial: Ficha do Dr. Anastácio Gonçalves: "338 - Cadeirão de nogueira, estilo D. José. Vem descrito e reproduzido na Estampa C do livro "Cadeiras Portuguesa" de Cardoso Pinto e Nascimento. Foi agora lavado e coberto o estofo com bom veludo vermelho, lavrado, de seda antigo. Comprado (por trocas integrais) a Perª Coutinho em 6/8/964 por 30.000$00. Reparação custou 3.000$00. Este cadeirão pertenceu a Nascimento que o vendeu a Ataíde em cujo leilão foi arrematado pelo Temudo (em parceria com Antº Costa) e deles agora pª Perª Cout." Em 1965/67, as Finanças atribuíram-lhe o valor de 20.000$00 (vinte mil escudos). Em 1952, este exemplar pertencia a João Filipe da Silva Nascimento (Lisboa), autor da obra "Leitos e Camilhas Portugueses (1950), responsável pelo documentário gráfico da obra de Augusto Cardoso Pinto, "Cadeiras Portuguesas" (1952), e na qual figura como pertencendo a esse antiquário (est. C, fig. 208). Nela é referida e ilustrada como possuindo um revestimento de seda branca lavrada de flores a cores. Este tecido foi substituído pelo Dr. Anastácio Gonçalves, como consta da sua ficha (atrás citada).
• Incorporação: Por testamento de 31/07/1964