Técnica: Azul cobalto aplicado com pincel sobre a porcelana crua revestida em seguida de vidrado
Dimensões (cm): Alt. 10,5 x Diâm. 49,3; base: 26,5
Descrição: Prato de porcelana branca, pesada e espessa, com impurezas ferruginosas, executado no torno, do qual se vêem as marcas na frente e no tardoz. O vidrado é branco e muito brilhante. Este prato, fundo e muito grande, de caldeira arredondada e aba larga levantada, com bordo levemente recortado, sendo as chavetas apenas perceptíveis. repousa sobre pé, curto e inclinado para o interior, cuja extremidade, não vidrada, apresenta uma linha alaranjada em toda a volta, marcando a paragem do vidrado. A base, sem revestimento e convexa, é fortemente marcada por estrias concêntricas e radiais deixadas pelo torno. A decoração é a azul cobalto intenso sob o vidrado. Na frente, o fundo, ligeiramente côncavo, delimitado por dois círculos, mostra um medalhão central, polilobado e recortado, preenchido por uma paisagem à beira da água com dois gansos sobre um rochedo junto a um tufo de flores de lótus e outras plantas aquáticas de caules hirtos e paralelos, observando outros dois, em voo picado, entre uma cascata e uma rocha. O medalhão é enquadrado por bandas de suásticas e escamas imbricadas, separadas por "ruyi". A caldeira e aba, tratadas como uma só unidade, estão divididas em oito grandes painéis polilobados, decorados alternadamente, quatro com três pêssegos e outros com símbolos enlaçados por fitas: o enxota-moscas ( um atributo comum aos sábios budistas e taoístas, que Lu Dongbin, um dos "Oito Imortais" Taoístas, segura na mão), a roda da lei (símbolo budista de Feliz Augúrio e da soberana lei e Autoridade, associado à pessoa e pregação de Buda), a folha, um dos "Oito Objectos Preciosos" (planta de bom auspício, que afasta as doenças e os maus espíritos) e a lanterna, símbolo de alegria e festividade. Nas bandas separadoras, suásticas e escamas imbricadas enquadram um símbolo suspenso de fitas. No tardoz, os oito painéis ovais e as bandas verticais com motivos muito estilizados foram pintados livremente.
Origem/Historial: O prato foi adquirido a Canova (1º venda no dia da abertura), em 16/05/1960, por 6.000$00 (seis mil escudos). Em 1965, as Finanças atribuíram-lhe o valor de 15.00$00 (quinze mil escudos).
A peça foi incorporada em 18/8/1967 por auto de entrega e cessão de bens ao Estado.
Incorporação: Por testamento em 31 de Julho de 1964
MATIAS, Maria Margarida Marques; Mota, Manuela - China e Islão. Gramáticas Decorativas. Lisboa: 1992
PIJL-KETEL, C. L. van der - The ceramic load of the «Witte Leeuw». Amesterdam: Rijksmuseum, 1982
PINTO DE MATOS, Maria Antónia - A Casa das Porcelanas. Cerâmica chinesa da Casa-Museu Dr.Anastácio Gonçalves. Londres: Phipip Wilson/IPM, 1996
AAVV, Le Bleu des Mers. Dialogues entre la Chine, la Perse et l'Europe, Fondation Baur, Musée des Arts d'Extreme Orient, Continents Editions, Italie, Novembro 2017