Técnica: Prata fundida, cinzelada, recortada, ivasada, incisa e dourada; gemas e vidros lapidados
Dimensões (cm): Alt. 92,5 x Larg. 30,8
Descrição: Custódia de assento em prata dourada, de base polilobada e recortada, alteada por uma pequena base com gradinha vazada e coroada por uma cimalha de palmetas. A haste superior e inferior, hexagonal, moldurada por anéis salientes, apresenta janelões mainelados com gabeletes cogulhados. Na parte inferior do nó, sextavado e acastelado, observam-se motivos vegetalistas incisos rematados por uma cimalha de merlões truncados. As faces do nó são preenchidas por janelões mainelados, rosáceas e gabeletes cogulhados que se recortam sobre um fundo em simulação de cantaria aparelhada. Os ângulos do nó são marcados por contrafortes e arcobotantes rematados por botaréus. A base inferior do hostiário, hexagonal e em forma de prisma invertido e truncado, apresenta nas suas faces motivos relevados de espinheiros e videiras, tendo nos seus vértices pequenos pináculos invertidos. A parte superior deste hostiário, em forma de plinto hexagonal, circundada por uma cimalha flordelisada, pontuada por botaréus, é moldurada por uma fileira de aplicações de vidros brancos e vermelhos. O hostiário seiscentista, em forma de templete com grandes volutas angulares salientes, apresenta nas suas faces janelões com arcos conupiais e de volta perfeita, sendo três deles circundados por vidros brancos e vermelhos delineando pilastras capitelisadas e florões. No interior o suporte da hóstia, alteado, é decorado por motivos incisos de palmetas e laçarias. Rematando este templete, desenvolve-se um baldaquino acastelado e de formato hexagonal, apresentando nas suas faces uma decoração idêntica à do nó. Nos ângulos dos janelões, elevam-se pilares contrafortados, sendo marcada uma das faces com um pequeno nicho de onde sobressaem, sobre mísulas, duas figurações da Virgem com o Menino, Nossa Senhora do Ó, Santa Catarina, Santa Bárbara e Santa Madalena (?) em meio vulto e coroadas por baldaquinos. Um grande coruchéu piramidal, sextavado e cogulhado, repete o preenchimento das faces, com decoração idêntica à do nó, remata por um florão encimado por um tubo de fixação de um elemento omisso.
Origem/Historial: Obra bem documentada do antigo acervo do Convento de Alcobaça, esta custódia serve de testemunho do papel que as alfaias litúrgicas, a partir do século XV, passaram a ter no empenho individual que os crentes punham na salvação da sua própria alma. Neste caso, um dos priores de Alcobaça, Dom João Dornelas, quis deixar memória da sua passagem pela terra e dos bens materiais, quando deixou esta copa ao convento de Alcobaça. Ficou claramente expressa a intenção deste partidário da causa do Mestre de Avis, em legenda que corre ao longo da pé da peça. A leitura desta foi corrigida em 1938, pois por uma errada montagem dos listéis, podia-se datar a peça de 1404 ( 1366 da nossa era), devendo-se ler 1450 ( 1412 da era vulgar). Esta data é muito mais consentânea com o período do governo deste frade que decorreu entre os anos de 1382 a 1414. Para melhor se adaptar ás funções litúrgicas, esta copa foi alterada, já em período barroco, com a introdução de quatro volutas e outros elementos tais como as granadas, as cristais de rocha e os vidros.
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Exposições
Exposição Retrospectiva de Arte Ornamental Portugueza e Hespanhola