Técnica: Prata fundida, cinzelada, repuxada, recortada, vasada e incisa
Dimensões (cm): Alt. 35 x Larg. 17,4 x Diâm. base 18,3
Descrição: Pequena arqueta que poderia servir como relicário ou como cofre eucarístico.
Tem a forma de uma caixa hexagonal alongada, com os angulos reforçados por
botaréus cogulhados na parte superior. As faces menores estão decoradas
com fenestrações góticas de ogivas e arcos conupiais sobrepostos. Uma das
faces maiores mostra uma moldura de encordoamento, que albergaria um vidro
permitindo a visualização da relíquia, no caso mais provável de se tratar
de um relicário, ou uma placa do tipo das outras no caso de se tratar de
uma píxide. Na face oposta, a decoração é vasada com quadrifólios e
enrolamentos vegetalistas. A abertura é feita deste lado atravéz de uma
fechadura de charneira. A tampa piramidal, ligeiramente convexa, é ornada
por motivos vegetalistas relevados e reforçada nos ângulos que continuam
os limites da caixa. Um pináculo cogulhado, de secção quadrangular
assente numa base sextavada remata a tampa. A toda a volta desta corre uma
platibanda de flores de lis. Sobre uma das faces maiores da tampa nota-se
uma incisão que provavelmente serviu para suportar uma cartela ou um
elemento heráldico ou iconográfico. A haste hexagonal mostra um nó achatado
decorado nas faces por uma banda de quadrifólios inscritos em círculos,
delimitados por dois filetes encordoados. A terminar a haste, na parte
inferior, um outro anel achatado, decorado com cordão, marca a passagem
para a base, polilobada, recortada em semi-circulos e triangulos, decorada
com motivos incisos de flores, grifos e cartelas, ostentando a data de
1565.
Origem/Historial: Algo singular na ourivesaria portuguesa, este tipo de arquetas elevadas, servindo talvez originariamente como píxides ou relicários, é bastante usual na arte espanhola.
Desconhecendo a sua origem e contexto histórico cremos, através de paralelísmos estilísticos (e dados os contactos de Barros e Sá com o mercado internacional de obras de arte) que a peça assuma esta origem.
Foi incorporada no acervo do MNAA em 1981, proviniente desta mesma colecção privada.
Incorporação: Legado Barros e Sá
Centro de Fabrico: Espanha (?)
Bibliografia
HERNMARK, Carl - "The Art of the European Silversmith 1430-1830". Londres: 1977
OMAN, Charles - "The Golden Age of Hispanic Silver 1400-1665". Londres: 1968
CRUZ VALDOVINOS, José Manuel - "Plateria en la Época de los Reyes Católicos". Madrid: Fundación Central Hispano, 1992
Inventário do Museu Nacional de Arte Antiga. Colecção de Ourivesaria, 1º volume, do Românico ao Manuelino. Lisboa: IPM, 1995
QUILHÓ, Irene - "Ourivesaria", in Oito Séculos de Arte Portuguesa, de Reynaldo dos Santos. Lisboa: 1970