Técnica: Prata fundida, cinzelada, relevada e incisa
Dimensões (cm): Alt. 53 x Larg. 20,6 x Prof. 17,4
Descrição: Custódia portátil de tipo templete, em prata dourada, com hostiário circular em prata lisa, com fecho de gancho e óculo moldurado por um cordão.
O suporte deste óculo é quadrilobado alongado, assente na base de copa ovalada, decorada com flores aplicadas.
O baldaquino é suportado por dois botaréus de várias pilastras de secção quadrangular adossadas a uma pilastra central que se eleva sobre as outras, terminando em agulha decorada por cogulh... Ver maisos.
A decoração do baldaquino organiza-se numa estrutura de nervuras floridas, ligando-se em arcos lanceolados a uma teoria de pilastras rematadas por coruchéus cogulhados.
Os quatro pequenos coruchéus das faces anterior e posterior, têm no interior suportes não utilizados para o encaixe da estrutura de nervuras. A haste, definida entre dois achatamentos hexagonais, é dividida em três secções; a primeira de seis faces, a segunda circular e a terceira em câmpanula, todas com decorações geométricas e florais.
Sobre esta haste, duas estruturas móveis de botaréus unidos por ogivas floreadas, marcam os dois registos do nó.
A base, de recorte irregular, alonga-se no sentido da largura, é sobreelevada em três degraus, mostrando o central uma decoração floral cinzelada.
Na parte superior de cada um dos lados, registam-se em relevo, as figuras da Virgem com o Menino, S.João Baptista, S.Jerónimo e de um Santo franciscano, possivelmente Santo António.
Origem/Historial: (...) Quanto à custódia, figurou na Exposição de Arte Ornamental (1882), na Sala M, nº 68 (ilust 68), já então pertencia à Acedemia Real de Belas Artes de Lisboa, não sendo indicada a sua primitiva proveniência.
Os ficheiros do MNAA dão-no porém como tendo pertencido originalmente à Igreja da Pena de Lisboa, dado que tem sido comumente aceite por toda a historiografia que tratou a peça.
Apesar de não terem sido levantadas dúvidas s... Ver maisobre esta proveniência, torna-se evidente a contradição entre a presença da peça nos fundos da Academia na recuada data de 1882, tendo vindo de um igreja, quando só mais tarde, já no período republicano, começarão as incorporações de peças de arte de propriedade diocesana.
No caso da Pena, pelo contrário, foi a Academia Nacional das Belas Artes que em 1894, dando cumprimento à portaria de 8 de Novembro, passou algumas obras de pintura para a mesma igreja.
A história da Igreja da Pena confunde-se, no entanto, no final do século XIX, com a do destruído convento das clarissas de Santa Ana de Lisboa, cuja igreja chegou a servir de paroquial daquela freguesia, pelo que hipoteticamente se poderá colocar a possibilidade da custódia ter inicialmente pertencido aos bens conventuais de Santa Ana, o que expicaria a presença do Santo franciscano na base da peça.
Contudo, o convento teve uma fundação tardia, em 1551, por iniciativa da rainha Dona Catarina.
A considerar-se esta a poveniência da peça, estaremos perante a utilização de uma obra anterior ou em fase de uma permanência muito tardia de um modelo do gótico final.
Inventário do Museu Nacional de Arte Antiga. Colecção de ourivesartia. Do Românico ao Manuelino. IPM, 1995pp. 118, 119.