Suporte: Tecido de algodão adamascado branco de confecção industrial.
Técnica: Bordado (monograma) a fio de seda frouxo a ponto de cordão (?) sobre tecido misto branco lavrado.
Dimensões (cm): Comp. 382 x Larg. 212
Descrição: Toalha de mesa de jantar em tecido misto (*) de algodão adamascado branco, de confecção mecânico-industrial, presumivelmente portuguesa, de formato rectangular com duas bainhas costuradas à máquina no sentido longitudinal e duas ourelas, (**), no sentido transversal.
A temática decorativa é lavrada e estrutura um campo preenchido por motivos florais e fitomórficos, contornado por cercadura de ornatos vegetalistas, sendo as duas áreas ornamentais separadas por tarja linear cujas arestas formam aquele e se prolongam até à periferia desenhando quatro quadrados e igual número de rectângulos definindo a mencionada cercadura.
Num dos ângulos, apresenta-se bordado a fio de seda frouxo branco em ponto de cordão, o monograma, "C. J.", posicionado em diagonal em relação à correspondente bissectriz. Este projecta um desenho pouco elaborado embora seja bordado com rigor.
A presente peça constitui-se como um elemento típico da roupa branca de uma casa da burguesia ou nobreza da sociedade portuguesa do século XIX até à primeira metade do século XX, tendo como funcionalidade a cobertura protectora e decorativa de uma grande mesa de jantar, numa situação eventualmente de ocorrência festiva ou mesmo em enquadramento mais abastado, de uso doméstico quotidiano. A dimensão da toalha reflecte a tradição de grandes mesas de jantar que remonta ao século XIX e que se prolongou até à primeira metade do século XX.
Notas|
(*) Jorge Fernandes Alves na obra identificada na Bibliografia refere: "(..) Em 1842, essa produção traduzia-se (...) em tecidos adamascados revelando aquilo que parece ter sido regra, embora não única: algumas das fábricas importantes do eixo Famalicão-Guimarães evoluíram a partir de manufacturas e de oficinas espalhadas pelas freguesias desse eixo geográfico, que se dedicavam aos tecidos mistos (...)". p. 12.
(**) As ourelas seguram a trama nos retornos da lançadeira de um para outro lado e geralmente são concretizadas com densidades em dobro do fundo do têxtil, servindo igualmente no acabamento do tecido quando o mesmo é passado na rama onde é fixo pelas ourelas, projectando estas a qualidade do trabalho de tecelagem.
Origem/Historial: Embora não nos encontremos na posse de documentação comprovativa da proveniência do espólio doado ao museu pela Senhora Dona Maria Delfina Adelaide Gomes da Silva e Matos de Sousa Cardoso, presume-se que o presente objecto têxtil poderá ter sido usado dentro da respectiva funcionalidade, por familiares desta identificáveis pelas letras C e J que, de acordo com a tradição poderiam corresponder às iniciais dos primeiros nomes de um casal.
O Museu dos Biscainhos integra duas outras toalhas de mesa de jantar, de grande dimensionamento, identificadas pelos números de inventário 2492 (a) MB e 2492 (b) MB e com as iniciais C. e J. - embora numa execução de menor qualidade -, e a mesma proveniência ao nível da incorporação pelo que estamos provavelmente perante um proprietário original comum.
Incorporação: Doação da Senhora Dona Maria Delfina Adelaide Gomes da Silva e Matos de Sousa Cardoso. O Museu dos Biscainhos integra duas outras toalhas de mesa de jantar, de grande dimensionamento, identificadas pelos números de inventário 2492 (a) MB e 2492 (b) MB, enquadrando as iniciais C. e J. - embora numa execução de menor qualidade -, possuindo a mesma proveniência ao nível da incorporação, pelo que estamos provavelmente perante um proprietário original comum.
Centro de Fabrico: Noroeste de Portugal (?). Eixo Famalicão-Guimarães (?).
Bibliografia
ALVES, Jorge Fernandes - "Fiar e Tecer. Uma perspectiva histórica da indústria têxtil a partir do Vale do Ave". Vila Nova de Famalicão: C.M. de V.N. Famalicão, 1999
OLIVEIRA, Ernesto Veiga de; GALHANO, Fernando, PEREIRA, Benjamin - "Tecnologia Tradicional Portuguesa. O Linho".. Lisboa: INIC, 1978