Capa-mantéu e bioco
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Museu: Museu dos Biscainhos
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Nº de Inventário: 2784 (a) MB
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Super Categoria:
Arte
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Categoria: Traje
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Autor:
Autor desconhecido (-)
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Datação: 1720/1840
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Dimensões (cm): Alt. 188 x Larg. 310
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Descrição: O presente capote, capa-mantéu, ou capa com coca - também conhecida como bioco - consiste numa peça de vestuário feminino estruturada em forma de grande manto ou capa ampla que encobre a cabeça formando uma pala frontal que envolve os lados superiores e laterais, assim como tapa todo o corpo e se define comprida até aos pés. A peça de vestuário é estruturada em tecido de seda preta e a parte superior interna é revestida a tecido de seda e a al...
Ver maisgodão castanho mercerizado; a pala é encorpada através de uma tira de cartão grosso, de forma a constituir bioco sobre a testa sendo forrada a tecido de linho branco e a tecido de algodão castanho.
Considera-se que este modelo de grande manto terá nascido no seio da nobreza portuguesa, como reflexo de influências culturais diversificadas e o facto da capa em análise ser confeccionada em tecido de seda tafetá associadamente à característica do bioco que visava o encobrimento da mulher que o usasse, remete para uma esfera social elevada, num contexto em que o vestuário em foco era propiciador da discrição das damas destinatárias do mesmo, o que condiziria com a proveniência desta peça oriunda de uma família da fidalguia minhota de Arcos de Valdevez.
Breve investigação relativa ao vestuário em análise, foi conducente a duas ilustrações na obra de Alberto de Souza, "O Trajo Popular em Portugal" e ao artigo, "Tipos das Ruas de Lisboa em 1840 (Segundo litografias do tempo)", este último referindo, "E as mulheres de mantéu e bioco à moda do Porto? ", aponta para a vulgarização desta moda feminina atribuída ao Porto, na capital e em Coimbra do que poderemos deduzir que tivesse sido conhecida noutras cidades e vilas do reino.
Os mesmos elementos desvendam uma cronologia que se estende do século XVIII a cerca de 1840, embora se aponte que remonte aos séculos XVI-XVII .
Considera-se que, como muitos outros elementos culturais, a tradição da capa em foco foi transposta para o contexto popular, presumindo-se que com recurso a têxteis mais modestos e, por conseguinte, mais ajustados às disponibilidades económicas deste universo.
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Origem/Historial: Posteriormente ao falecimento da Senhora Dona Maria da Purificação de Araújo e Brito Lima da Rocha Aguiã, o seu marido, o Senhor Dr. António Alberto de Magalhães Barros Lançós Cerqueira Queiroz fez doação ao Museu dos Biscainhos, de um importante núcleo de Traje Civil português, que pertencera à família da sua esposa, de que a presente peça faz parte integrante.
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Incorporação: Doação do Senhor Dr. António Alberto de Magalhães Barros Lançós Cerqueira Queiroz| Colecção Senhora Dona Maria da Purificação de Araújo e Brito Lima da Rocha Aguiam, da Casa da Ponte, Arcos de Valdevez.
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Centro de Fabrico: Presumivelmente Portugal.
Bibliografia
- ""Tipos das Ruas de Lisboa em 1840 (Segundo litografias do tempo) pp. 705 a 712: " in "Ilustração Portuguesa", II Série, 23 de Julho, 1906
- LEMOS, Maximiano - Enciclopédia Portuguesa Ilustrada Dicionário Universal. Porto: Lemos & Sucessor, 11 volumes, 1900 a 1909
- SILVA, Armando; DAMÁSIO, Luis, SILVA, Guilherme - Casas Armoriadas do Concelho de Arcos de Arcos de Valdevez (Subsídio para estudo da nobreza arcoense), Vol. II: Câmara Municipal de Arcos de Valdevez, 1992
- SOUZA, Alberto - -, "O Trajo Popular em Portugal nos séculos XVIII e XIX". Lisboa: 1924