Descrição: Cabeção para ornamento exterior feminino, confeccionado em renda de bilros, em fio de linho.
Consiste numa banda ou faixa de renda, com um recorte global de aproximação ao formato elíptico com uma abertura circular interna, de forma a permitir o encaixe central de um pescoço humano; ornamentalmente, define uma estrela de seis pontas, em que estas se organizam com dimensionamentos diferentes e diametralmente posicionadas, encontrando-se interr... Ver maisompidas as duas correspondentes à parte frontal da gola; o campo da estrela insere um ornato floral, sugestivo de tulipa ou alcachofra (?), que se repete cinco vezes, sendo envolto por tripla palmeta fitomórfica, que se dispõe radialmente. A elíptica é obtida pela inserção de sete reservas que se alternam com as pontas, desenhando dois ornatos diferentes, um de ramalhete triplo de flor e, o outro, um padrão de palmeta, ambos envoltos por motivos vegetalistas voluptiformes.
A gola branca composta por tecidos delicados, lisos ou bordados, frequentemente enriquecidos por rendas, ou estruturada integralmente por estas, compunha conjunto com a guarnição dos punhos - manguitos ou folhos de renda -, e foi uma presença quase constante no vestuário feminino a partir da década de 1830 até ao final do século XIX, sendo usado pelas senhoras como um adorno de vestidos, casacos ou capas, envolvendo e destacando o pescoço e avivando o fundo têxtil com que contrastava. Por outro lado, projectava um conceito de asseio que vindo do século anterior associava a alvura de certos elementos de indumentária interior e exterior a uma imagem do que então era entendido como higiene pessoal e de exigência social.
A peça em estudo pertenceu a uma família da nobreza minhota, os antepassados da Senhora Dona Maria da Purificação de Araújo e Brito Lima da Rocha Aguiam da "Casa da Ponte", de Arcos de Valdevez, e permite ilustrar o conhecimento entre a sociedade da região, dos ditames da moda feminina predominantemente francesa, à semelhança da capital e da Europa.
Glossário
Cabeção| Elemento de vestuário, igualmente identificável como gola, foi conhecido desde o Renascimento europeu, e difundido entre as cortes europeias ao longo dos séculos XVII e XVIII.
Origem/Historial: Doação do Senhor Dr. António Alberto de Magalhães Barros Lançós Cerqueira Queiroz| Colecção Senhora Dona Maria da Purificação de Araújo e Brito Lima da Rocha Aguiam, da Casa da Ponte, Arcos de Valdevez
Incorporação: Doação do Senhor Dr. António Alberto de Magalhães Barros Lançós Cerqueira Queiroz| Colecção Senhora Dona Maria da Purificação de Araújo e Brito Lima da Rocha Aguiam, da Casa da Ponte, Arcos de Valdevez
Centro de Fabrico: Europa. País produtor de rendas de bilros.
Bibliografia
BRANDÃO, Ana - "Rendas Portuguesas". Lisboa: Museu Nacional do Traje, 1980
LEMOS, Carlos Cilia - "Rendas Portuguesas" in "Ilustração Portuguesa", nº140. Lisboa: Jornal "O Século", 16 (?) de Outubro
MAGALHÃES, M.M. de S. Calvet de - "Bordados e Rendas de Portugal", in Colecção Educativa, nº10. Figueira da Foz: Companhia Nacional de Educação de Adultos, s/ data.