Descrição: Sombrinha constituída por uma cobertura em formato de pagode (1), confeccionada em sete panos triangulares em tecido de cetim de seda de cor negra, sendo sustentada por um sistema de sete varetas de aço (?), pintadas de preto e encaixadas no topo da estrutura em igual número de fendas de anel metálico, e fixadas ao têxtil através de bainhas obtidas pela costura das partes; as peças unem-se na zona central a outras varas metálicas, mais curtas e acopladas radialmente a um cilindro oco do mesmo material que se movimenta ao longo da haste central, permitindo a abertura e o encerramento da peça através de duplo travão concretizado por duas molas encastráveis em cima e em baixo, respectivamente.
A haste é constituída por uma vara lisa metálica parcialmente esmaltada a vermelho "sangue-de-boi", que, no cabo recebe um envolvimento de bambu rematado por castão. A área ornamental engloba a empunhadura e a parte superior da vara e estrutura-se em quatro secções: em cima, define uma esfera de prata (?) fundida (?), relevada e incisa que desenha no topo uma estrela lisa de oito pontas contendo um monograma de iniciais entrelaçadas com a leitura presumida de um A e um L; segue-se uma decoração de características neo-barrocas (2) de ornatos de enrolamentos vegetalistas que se prolonga para uma segunda que se estende para a haste terminando por um recorte triangular; num terceiro sector, de desenvolvimento vertical, foram inseridas pequenas placas de madrepérola, justapostas e rectangulares e; a última fase decorativa, igualmente em prata e com a mesma tipologia ornamental, constitui contraparte do castão.
O monograma poderá revelar tratar-se de peça encomendada.
No período atribuível ao objecto, a sombrinha constituía ainda um acessório da moda feminina europeia/ocidental.
Notas
(1) Nomenclatura introduzida por Maria Laura Viana de Siqueira, vide "Introdução", in "Sombrinhas", Ensaios nº 3, Museu Nacional dos Coches, Lisboa, 1973, p.4. Vide p.f. o campo Observações.
(2) Será de considerar que o Romantismo não tendo fronteiras cronológicas definidas no âmbito das artes decorativas, se terá prolongado um pouco por todo o século XIX adentrando o século XX.
Origem/Historial: A sombrinha em foco pertenceu à Senhora Dona Maria da Purificação da Rocha Aguiam da "Casa da Ponte", de Arcos de Valdevez. Presume-se uma utilização funcional contemporânea do objecto.
Incorporação: Doação do Ex. Sr.Dr. António Alberto de Magalhães Barros Lançós Cerqueira Queiroz |Colecção Ex. Sra. Dª Maria da Purificação de Araújo e Brito Lima da Rocha Aguiam,"Casa da Ponte", Arcos de Valdevez.
Centro de Fabrico: Portugal (?).
Bibliografia
KYBALOVÁ, Ludmila; HERBENOVÁ, Ludmila; LAMAROVÁ, Milena - "Encyclopédie illustrée du Costume et de la Mode ",. Paris: Gründ, 1989
SILVA, Armando; DAMÁSIO, Luis, SILVA, Guilherme - Casas Armoriadas do Concelho de Arcos de Arcos de Valdevez (Subsídio para estudo da nobreza arcoense), Vol. II: Câmara Municipal de Arcos de Valdevez, 1992
SILVA, Maria Madalena Cagigal e - "Exposição Temporária". In "Ensaios", nº6. Lisboa: DGPC-Museu Nacional dos Coches, 1976
SILVA, Maria Madalena de Cagigal - "S.M. Rainha D. Amélia" in "Ensaios nº5". Lisboa: Dir.-Geral do Património Cultural. Museu Nacional dos Coches, 1976
SILVA, Maria Madalena de Cagigal e - "Sombrinhas" in " Ensaios", nº 3. Lisboa: Museu Nacional dos Coches, 1976
SIQUEIRA, Maria Laura Viana de - "Introdução" in "Sombrinhas". "Ensaios", nº 3. Lisboa: DGPC - Museu Nacional dos Coches, 1976
TEIXEIRA, Madalena Braz; "et allia" - Museu Nacional do Traje. Roteiro. Lisboa: Instituto Português de Museus, 2005
Exposições
1800.1900 | traje de um século. a colecção do Museu dos Biscainhos