Sombrinha (Wagasa)
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Museu: Museu dos Biscainhos
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Nº de Inventário: 2860 MB
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Super Categoria:
Arte
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Categoria: Traje
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Autor:
Autor desconhecido (Artesãos diversos)
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Datação: 1868/1926
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Suporte: Papel "washi".
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Técnica: Técnica de xilogravura colorida japonesa conhecida como "ukiyo-e".
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Dimensões (cm): Alt. cerca de 67 x Diâm. da cobertura cerca de 92
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Descrição: Sombrinha tradicional japonesa, "wagasa", constituída por um sistema articulável em cana de bambu e um toldo em papel, interpretado como produção "washi" (1), com decoração policromática presumindo-se que pela técnica conhecida como "Ukiyo-e" (2).
A estrutura é composta por uma vara de bambu (3) a que falta presentemente a empunhadura, e por trinta e seis varetas iguais, da mesma matéria, finamente recortadas e, que de acordo com o método trad...
Ver maisicional nipónico teriam sido realizadas a partir de uma única cana, e, seguidamente, organizadas segundo a ordem em que foram cortadas, por união em encaixe no topo da estrutura em igual número de fendas abertas em anel de madeira não identificada, fixo na extremidade; aquelas, a cerca de 3/4 da altura, unem-se a igual número de outras tiras de bambu, mais curtas e acopladas radialmente a um segundo elemento em madeira com um formato tronco-cilíndrico, oco, que se movimenta ao longo da haste de secção circular do exemplar, permitindo a abertura e o encerramento do mesmo através de duplo travão concretizado por uma mola encastrada, em cima, e por um nó do próprio bambu, em baixo.
A cobertura é confeccionada em papel tradicional japonês "washi" (?) e liga-se por colagem à base articulada de bambu. O toldo apresenta-se pregueado e decorado exteriormente através da uma técnica de gravura japonesa conhecida como "Ukiyo-e" (?), compondo quatro registos figurativos, ilustrativos do mesmo número de pares de músicos, trajando à moda nipónica, encontrando-se ambos os elementos de quimono e os masculinos penteados com "chonmage" (4). Todas as figuras se posicionam sentadas no chão (?), e, confrontando-se, a dama à esquerda e, o senhor, à direita, interpretam diferentes instrumentos musicais japoneses. As composições são contextualizadas sobre um fundo cor rosa forte e o topo e a bordadura são realçados por bandas ou faixas negras.
Nas cores vermelha, azul, verde, preta e branca, um primeiro grupo apresenta uma dama tocando com arco um "kokiu", um alaúde de três cordas, e um homem interpreta um "jokobue" (?), que consiste numa flauta transversal. Nas cores vermelha, verde, preta e branca, o segundo ilustra uma senhora inclinada dedilhando um "koto" (?), uma cítara longa e baixa e uma figura masculina soprando um "fue" (?), flauta vertical não identificada. Nas cores vermelha, verde, amarela violeta, preta e branca, o terceiro apresenta a figura feminina percutindo com a mão um "tsuzumi"(?), pequeno tambor e, a masculina, com duas longas baquetas, um "taiko"(?), ou grande tambor, posicionado verticalmente. Nas cores vermelha, verde, branca e negra, o último grupo divulga, à esquerda, uma diferente tipologia de "taiko", percutido por duas baquetas e disposto horizontalmente, e, à direita, de novo um "kokyu" mas posicionado de pé e tocado com um arco.
A "wagasa" envolvia um processo de fabrico artesanal altamente complexo implicando a participação de uma dezena de artífices e uma confecção que integrava cerca de uma centena de passos, do que decorria uma duração de vários meses para cada peça.
Nos objectos que se destinavam ao abrigo da chuva desenvolvia-se um procedimento de impermeabilização do papel através da aplicação de lacas, entre outros produtos.
Na Ásia, o papel e a seda foram intensivamente usados na confecção de sombrinhas e guarda-sóis que foram símbolos do próprio continente e mesmo de Buda como alegoria à sua realeza.
No período atribuível à peça, a sombrinha constituía um acessório indispensável da moda feminina ocidental. Refere-se que desde a segunda metade do século XIX até às primeiras décadas do século XX, generalizou-se na Europa o gosto pelos artigos exóticos do Extremo Oriente em que se inseriu a importação de objectos nipónicos do que este espécimen é ilustrativo, tendo pertencido a uma dama portuguesa de Arcos de Valdevez.
Notas / Glossário
(1) Papel tradicional japonês, de produção milenar, caracterizado por resistência, durabilidade e brancura, manufacturado a partir de matérias-primas vegetais autóctones do arquipélago, como o "kozo", o "mitsumata" e/ou o "gampi", e segundo técnicas que aproveitavam as baixas temperaturas no decurso do Inverno.
(2) Escola e técnica artística nipónica conhecidas por este nome, que alcançaram uma enorme expansão no Japão, consistindo originalmente na realização de estampas obtidas por xilogravura (gravura de madeira) inicialmente monocromáticas, mas que desenvolvendo-se pelo método de sobreposição de cores por impressão obtinham um resultado final policromático ("Nishiki-e").
(3) Com cerca de 67 cm de altura.
(4) Penteado masculino tradicional do Japão, caracterizado pelo cabelo rapado no topo e apanhado lateral e/ou posteriormente, com um rolo no alto da cabeça.
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Origem/Historial: A sombrinha japonesa em foco pertenceu à Senhora Dona Maria da Purificação da Rocha Aguiã da "Casa da Ponte", de Arcos de Valdevez. Presume-se uma utilização funcional contemporânea do objecto por parte de elementos femininos da família da citada senhora que foi a esposa do Sr. Dr. António Queiroz, o qual após o falecimento daquela, doou ao Museu dos Biscainhos uma vasta colecção de traje de que este exemplar faz parte integrante....
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Incorporação: Doação do Ex. Sr.Dr. António Alberto de Magalhães Barros Lançós Cerqueira Queiroz |Colecção Ex. Sra. Dª Maria da Purificação de Araújo e Brito Lima da Rocha Aguiam,"Casa da Ponte", Arcos de Valdevez.
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Centro de Fabrico: Japão.