Dimensões (cm): Comp. manga 48 x Alt. corpo 68; saia 105 (frente) e 130 (costas) x Larg. ombros 45,5;
Descrição: Vestido de senhora composto por duas peças costuradas manualmente, em tecido de seda natural em tom verde água, ornamentado com passamanaria.
O corpo é constituído por cinco panos, dois à frente e três atrás, apresentando um formato justo, frontalmente com pinças, uma abertura onde se situam dezanove colchetes, um decote subido com virola, elemento que se repete nos ombros e na bordadura, e rematado inferiormente por duplo bico; nas costas, o recorte é constituído por três apêndices que se prolongam abaixo da cintura, formando uma espécie de cauda e, a debruar esta e a toda a linha de cintura, uma aplicação continuada de um cordão de fio de seda em dois tons cor de pérola; insere mangas a ¾, guarnecidas junto aos ombros e aos punhos, por uma fiada transversal de meandros compondo machos contornados pela passamanaria mencionada em forma de cordão de seda, duplo e paralelo. A peça é forrada a tecido de linho crú e seria originalmente armada com seis varetas de barba de baleia.
A saia é comprida até aos pés, estruturada com dez panos, com muita roda a toda a volta, organizada a partir de machos|pregas, com uma cauda na face posterior e definindo um amplo volume elíptico a partir da altura dos rins; uma barra decorativa repete o motivo de meandros do corpo constituído por duplo cordão de fio de seda contornante de guarnição de machos na seda estruturante do vestido; internamente, enquadra frontalmente um bolso em tecido misto ou de linho branco, e encontra-se forrada a tarlatana crúa, reforçada na barra por aplicação de uma tira de tecido mercerizado de cor creme acinzentado.
A saia seria amplamente avolumada através de saiotes mas principalmente sustentável por uma crinolina, que a partir da década de 1860 assumiria um formato elíptico com o maior dimensionamento orientado para a parte posterior, moda que o traje em foco documenta.
Glossário|
Crinolina|Originalmente referenciou uma tipologia de anágua entretecida de crina de equíduo, de que procede a actual nomenclatura, e que permetia uma dureza específica para manter a saia exterior armada; mais tarde, de 1842 a 1867, passou a designar uma armação interior composta de leves aros de metal, proporcionando um amplo dimensionamento do inferior do vulto feminino, dando uma sustentabilidade de formato semi-esférico que foi evoluindo de um recorte de saia circular para oval, quando a volumetria se movimentou para a parte posterior.
Tarlatana|Tecido de algodão, da tipologia da musselina, transparente e encorpado, um pouco mais leve do que aquela, aplicado como entretela ou forro de vestuário.
Origem/Historial: A peça de vestuário em foco pertenceu à família da Senhora Dona Maria da Purificação da Rocha Aguiã da "Casa da Ponte", de Arcos de Valdevez. Presume-se uma utilização funcional contemporânea da confecção por parte de elementos femininos da família da citada senhora que foi a esposa do doador.
Incorporação: Doação do Senhor Dr. António Alberto de Magalhães Barros Lançós Cerqueira Queiroz |Colecção Senhora Dona Maria da Purificação de Araújo e Brito Lima da Rocha Aguiam, da "Casa da Ponte" de Arcos Valdevez.
Centro de Fabrico: Portugal (?)
Bibliografia
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Exposições
1800.1900 | traje de um século. a colecção do Museu dos Biscainhos