Capa de noite

• Museu: Museu dos Biscainhos
• Nº de Inventário: 2699 MB
• Super Categoria: Arte
• Categoria: Traje
• Autor: Autor desconhecido (Ateliê de costura (?))
• Datação: 1910
• Suporte: Renda ou tecido de tule mecânico.
• Técnica: Bordado a sutache de seda e fio de seda, aplicação de guarnições em renda e bordados a fio e tecido de seda.
• Dimensões (cm): Comp. mangas c. 50 x Alt. 157
• Descrição: Capa de noite ou dolman-manto em renda de aplicação de Bruxelas de cor negra, forrada/sombreada a tecido de cetim de seda da mesma cor, de formato comprido até aos pés, insere mangas largas a 3/4 e aperta frontalmente através de um único colchete metálico – provável aplicação posterior ao «design» original. Nas características e composição da renda de Bruxelas assenta a sumptuosidade da peça, com decoração aplicada e bordada sobre o tule a fio de seda frouxo de cor preta, combinada com bordado a sutache por aplicação galões na mesma tipologia de fio que associado a um outro rendado desenha temáticas de inspiração vegetalista. Na bordadura contornante de toda a peça manifesta formas pujantes e nas áreas interiores intermédias motivos mais esparsos. A face frontal define um decote em forma de V e acompanhando este e a abertura vertical, desenha-se uma cercadura constituída por uma dupla fita de galão acompanhada pelo rendado, formando enrolamentos circulares, tipo motivo de colchete, que se alteia para a área dos ombros – tendo continuidade até ao meio das costas -, prolongando-se para a linha horizontal da área frontal inferior da barra onde se compõem motivos florais estilizados e verticalizados em movimento ascendente, similares aos da linha central das costas; nestas últimas a decoração superior une-se à inferior da peça através de um prolongamento decorativo em galão, renda e bordado mas em posição invertida. A área intermédia é constituída pelo tule em que o bordado desenha flores verticais com folhagem, outras flabiformes - estas dando continuidade à ornamentação anteriormente referida da borda -, e pequenas rosetas. O remate inferior das mangas é salientado por uma larga tira aplicada horizontalmente e cujas extremidades se unem em posição de viés. A extremidade da barra é composta por ornato floral que alterna com elemento ovular de renda em cujo centro se borda uma flor. O casaco de noite em foco interpretável como "Sortie de bal" ou " Sortie de théatre", no formato da capa-quimono, constitui uma peça de inequívoca qualidade e requinte, enquadrando-se na transformação introduzida no traje feminino europeu que correspondeu a uma mudança conceptual e da silhueta da mulher em que o "haut-couturier" francês, Paul Poiret, surgiu como intérprete e mediador a partir de 1906. Em linhas gerais refere-se que inspirado na cultura greco-romana, retomara uma expressão neoclássica promovendo linhas soltas e de recorte cilíndrico, – revivalismo do estilo Império oitocentista - que libertaram a mulher do secular espartilho, e que evoluiu a partir de influências do Êxtremo-Oriente - com o quimono japonês -, e do Médio-Oriente|Norte de Africa - com o "cafetan" -, a que se associou o impacto dos trajes dos "Ballets Russes", com coreografia de Sergei Diaghilev presentes em Paris em 1909, podendo-se reflectir que o seu talento antecipou a definição de uma estética de art-deco. Teresa d'Almeida d'Eça| MUSEU DOS BISCAINHOS
• Origem/Historial: A presente peça integra um pequeno núcleo de traje feminino que foi colocado anonimamente à porta do Museu sem qualquer indicação nem posterior contacto.
• Incorporação: Doação anónima.
• Centro de Fabrico: Portugal (?).