Dimensões (cm): Alt. 28 x Larg. 52,5 ; Guardas: 1,8
Descrição: Leque oriental (leque Mandarim, de Mil Faces ou de Cabecinhas) com guardas, varetas e colo de madeira lacada de vermelho e pintada de dourado, formando decoração vegetalista e figurativa. Folha de papel pintado representando figuras chinesas com caras de marfim e trajes de seda colados, no verso, e motivos vegetalistas policromos no reverso.
Origem/Historial: Os designados Leques Mandarim são também conhecidos por Leques de Cantão, leques de Mil Faces ou Leques de Cabecinhas, devido à sua origem e decoração. Eram quase exclusivamente feitos para exportação para o mercado europeu através do porto de Cantão (actual Guangzhou).
São conhecidos exemplos de leques chineses de exportação na Europa a partir de finais do século XVII mas é apenas a partir de meados do século XIX que os leques Mandarim são adoptados e tornam-se populares entre as senhoras que apreciam o exotismo representado nos trajes, penteados, arquitecturas e paisagens. Na China, os leques eram usados quer por homens quer por mulheres.
O termo “Mandarim” refere-se ao oficial militar ou civil da China imperial. Foi inicialmente usado pelo colecionador Albert Jacquemart (1808-1875) para descrever peças chinesas, nomeadamente a popular porcelana e cerâmica de exportação no século XIX decorada com figuras de mandarins em painéis guarnecidos com flores e outros ornamentos.
O termo “Mandarim” é hoje um termo comercial para designar quaisquer peças chinesas de exportação com decoração similar e influenciada pela porcelana chinesa, em particular a porcelana da “Família Rosa” com representação de figuras chinesas em diversas cenas, paisagens e interiores.
Os leques Mandarim são montados com guardas e varetas lacadas de preto, dourado ou vermelho, marfim ou sândalo trabalhado, madrepérola, tartaruga ou filigrana de prata esmaltada. A madeira lacada era um dos materiais mais populares.
O colo de madeira lacada é densamente decorado com uma cena figurativa a dourado. São conhecidos exemplos de objectos lacados na China desde 1600 a. C. A técnica da laca usa a resina da árvore rhus vernicífera, um polímero natural, para formar um revestimento sólido e leve. Com a adição de pigmentos, mais vulgarmente o vermelho (sulfureto de mercúrio) e o preto (carvão), é usado para pintura e decoração de objectos diversos.
Nos leques mandarim, é aplicada na estrutura uma folha dupla de papel pintada em ambas as faces com decoração policroma, representando figuras chinesas numa paisagem ou arquitectura, pavilhões, interiores palacianos e de corte, símbolos ou flores.
As cenas são frequentemente inspiradas em cenas da vida na corte, histórias populares, literatura e acontecimentos históricos.
As figuras são representadas com caras aplicadas de marfim, daí o designativo “leques de mil faces”, vestidas com roupas pintadas em grande detalhes ou com aplicação de sedas coloridas.
A cena é usualmente emoldurada com motivos florais e simbólicos.
Incorporação: Josefina de Herédia
Bibliografia
AMARO, Ana Maria (textos) - Da Folha de Palmeira à Peça de Museu : O Leque Chinês. Lisboa : Missão de Macau em Lisboa, D.L. 1999. Catálogo de exposição
Exposições
Na Dobra da Manga
Piso 1, Museu Nacional do Traje, Lumiar, Lisboa
29/1/2004 a 2/6/2004
Exposição Física
O Traje como Meio de Comunicação Intercultural
Piso 1, Museu Nacional do Traje, Lumiar, Lisboa
15/2/2008 a 30/6/2010
Exposição Física
Da Folha da Palmeira à peça de Museu: O Leque Chinês