Máscara de Peixe Pirarara fêmea

  • Museu: Museu Nacional de Etnologia
  • Nº de Inventário: BB.509
  • Super Categoria: Etnologia
  • Categoria: Ritual
  • Autor: Itsautaku (-)
  • Datação: Século 20
  • Dimensões (cm): Alt. 134 x Larg. 72
  • Descrição: Máscara de Peixe Pirarara fêmea constituída por dois segmentos em madeira de formato semi-elipsoídal escavados no interior, com as extremidades superiores rectilíneas e as opostas semicirculares, dispostos frontal e verticalmente, representando o rosto e o corpo da máscara. Estes são unidos, entre si, com dois pregos cravejados nas extremidades superiores, e costurados lateralmente com fio de buriti. Os dois segmentos são, ainda, atravessados por diversos feixes de fibras de buriti, unidos entre si, por fio do mesmo material, terminando em franjas revestidas com pigmento vegetal vermelho, que representam as barbatanas. No segmento onde é representado o rosto figuram dois olhos cilindriformes feitos de cera de abelha, onde são colocados dois pedaços circulares de concha, e a boca constituída pela queixada de um peixe piranha, fixada com cera de abelha e de onde pendem fios de algodão branco. No outro segmento, sensivelmente a metade da altura, apresenta-se um rasgo longitudinal onde se encontra inserido um feixe de fibras de buriti revestido de pigmento vegetal vermelho, que representa o dorso. Nas extremidades inferiores dos segmentos são visíveis vários orifícios circulares através dos quais passam fios de buriti, que servem para prender as diversas franjas em buriti, fixadas a um cordão do mesmo material, que as suspende. As franjas são, em certas partes, revestidas com pigmento vegetal preto. O rosto é ornamentado com um motivo geométrico composto por duas linhas rectas longitudinais dispostas no centro, ladeadas por dois pares de linhas oblíquas e pontos. No mesmo segmento onde é representado o rosto, o corpo apresenta dois rectângulos simétricos longitudinais preenchidos por uma configuração triangular (a configuração triangular é designada na terminologia local por Kulupienê - motivo de peixe). Os motivos são pintados com pigmento vegetal preto sob uma superfície pintada com pigmento mineral branco. O segmento oposto é pintado com pigmento vegetal vermelho. A peça é provida, na extremidade superior, de uma alça de fio de buriti, que serve para suspendê-la. Corpo da máscara altura (cm): 67
  • Origem/Historial: Peça sem uso, adquirida directamente ao fabricante. Segundo Aristóteles Barcelos Neto, o colector, o autor desta peça, Itsautaku, é xamã e "dono" das festas de Apapaatai Yuma, por isso é lhe permitido confeccionar a máscara de Peixe Pirarara macho e fêmea e todos os seus acessórios. Nota informativa sobre a constituição da Colecção Wauja 2000: O projecto de constituição de uma colecção etnográfica entre os índios Wauja, um povo de língua Arawak, estabelecido unicamente nas proximidades da margem direita do rio Batovi, na região ocidental da bacia dos formadores do rio Xingu, no Estado de Mato Grosso, na Amazónia Meridional, foi desencadeado pelo MNE, conduzido no terreno pelo antropólogo Aristóteles Barcelos Neto e apoiado financeiramente pela Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses, durante o ano de 2000. A formação desta colecção resultou da conjuntura particular da preparação da exposição Os Índios, Nós. Refira-se que nesta conjuntura aquela Comissão foi parceira financeira no projecto da exposição. A investigação no terreno ficou a cargo do antropólogo Aristóteles Barcelos Neto, uma vez que já tinha realizado trabalho de campo na aldeia Wauja do Alto Xingu, em 1998, a partir do qual elaborou a tese de mestrado Arte, estética e cosmologia entre os Índios Waurá da Amazônia Meridional (1999), defendida na Universidade Federal de Santa Catarina. Constituiu ainda, no mesmo território e entre o mesmo grupo, uma colecção etnográfica para o Museu de Arqueologia e Etnologia da Bahia. Baseando-se na sua própria experiência e conhecimento da tribo elaborou um projecto para o MNE, intitulado Cultura material amazónica: sociologias e cosmologias nativas. O objectivo fulcral da investigação assentou na formação e documentação de uma colecção sistemática de artefactos, representativa da cultura material dos índios Wauja do Alto Xingu. A colecção, constituída por 578 peças, abrange todas as classes de artefactos excepto a plumária, devido às actuais leis brasileiras que proíbem a sua exportação.
  • Incorporação: Anterior proprietário: Itsautaku

Bibliografia

  • BRITO, Joaquim Pais de, et al (coords), Os Índios, Nós. Lisboa: CNCDP/IPM/MNE, 2000
  • NETO, Aristóteles Barcelos, Arte, Estética e Cosmologia entre os Índios Waurá da Amazônia Meridional. Florianópolis: UFSC, 1999 (Policopiado)
  • RIBEIRO, Berta G., Dicionário do Artesanato Indígena. São Paulo: Itatiaia Limitada, USP, 1988

Exposições

  • Os Índios, Nós

    • Museu Nacional de Etnologia, Lisboa
    • 30/11/2000 a 3/6/2001
    • Exposição Física