Técnica: Cestaria - torcido: esta técnica obtém-se pela torção de fios entre os elementos que constituem a urdidura.
Dimensões (cm): Alt. 116 x Larg. 26
Descrição: Máscara de Vovô de Eyusi macho constituída por um segmento rectangular em madeira, de arestas e extremidades arredondadas, que representa o rosto; e por uma secção rectangular em fibras e fio de buriti, feita pela técnica do torcido, e um conjunto de franjas de buriti fixado a um cordão de fibras, ambos representando o corpo da máscara.
O segmento de madeira e a secção de fibras são dispostos frontal e verticalmente, sendo unidos com fios de buriti, enquanto o conjunto de franjas é suspenso na extremidade inferior do primeiro com fios do mesmo material.
A secção rectangular apresenta-se desfiada, formando uma franja, a metade da sua altura. Esta é provida, na extremidade superior, de uma alça de fio de buriti, que serve para suspender a peça.
O conjunto de franjas encontra-se revestido, em certas partes, com pigmento vegetal preto.
O rosto da máscara é ornamentado com um motivo geométrico composto por uma faixa recta central, delimitada de ambos os lados, por uma configuração triangular (designada na terminologia local por Kulupienê - motivo de peixe), por um círculo com um ponto no centro (Weri Weri - círculos concêntricos), que figura o olho, por duas faixas oblíquas e um rectângulo. O motivo é pintado com pigmento vegetal preto e pigmento vegetal vermelho, sob uma superfície pintada com pigmento mineral branco.
Rosto da máscara altura (cm): 44,5
Origem/Historial: Peça sem uso, adquirida directamente ao fabricante.
A peça foi encomendada por Aristóteles Barcelos Neto a partir de um sonho do xamã.
Nota informativa sobre a constituição da Colecção Wauja 2000:
O projecto de constituição de uma colecção etnográfica entre os índios Wauja, um povo de língua Arawak, estabelecido unicamente nas proximidades da margem direita do rio Batovi, na região ocidental da bacia dos formadores do rio Xingu, no Estado de Mato Grosso, na Amazónia Meridional, foi desencadeado pelo MNE, conduzido no terreno pelo antropólogo Aristóteles Barcelos Neto e apoiado financeiramente pela Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses, durante o ano de 2000. A formação desta colecção resultou da conjuntura particular da preparação da exposição Os Índios, Nós. Refira-se que nesta conjuntura aquela Comissão foi parceira financeira no projecto da exposição.
A investigação no terreno ficou a cargo do antropólogo Aristóteles Barcelos Neto, uma vez que já tinha realizado trabalho de campo na aldeia Wauja do Alto Xingu, em 1998, a partir do qual elaborou a tese de mestrado Arte, estética e cosmologia entre os Índios Waurá da Amazônia Meridional (1999), defendida na Universidade Federal de Santa Catarina. Constituiu ainda, no mesmo território e entre o mesmo grupo, uma colecção etnográfica para o Museu de Arqueologia e Etnologia da Bahia. Baseando-se na sua própria experiência e conhecimento da tribo elaborou um projecto para o MNE, intitulado Cultura material amazónica: sociologias e cosmologias nativas.
O objectivo fulcral da investigação assentou na formação e documentação de uma colecção sistemática de artefactos, representativa da cultura material dos índios Wauja do Alto Xingu.
A colecção, constituída por 578 peças, abrange todas as classes de artefactos excepto a plumária, devido às actuais leis brasileiras que proíbem a sua exportação.
Incorporação: Anterior proprietário: Itsautaku
Bibliografia
NETO, Aristóteles Barcelos, Arte, Estética e Cosmologia entre os Índios Waurá da Amazônia Meridional. Florianópolis: UFSC, 1999 (Policopiado)
RIBEIRO, Berta G., Dicionário do Artesanato Indígena. São Paulo: Itatiaia Limitada, USP, 1988