Máscara de Eyusi fêmea

  • Museu: Museu Nacional de Etnologia
  • Nº de Inventário: BB.687
  • Super Categoria: Etnologia
  • Categoria: Ritual
  • Autor: Itsautaku (-)
  • Datação: Século 20
  • Técnica: Cestaria - torcido: esta técnica obtém-se pela torção de fios entre os elementos que constituem a urdidura.
  • Dimensões (cm): Alt. 126 x Larg. 42
  • Descrição: Máscara de Eyusi fêmea constituída por um segmento rectangular em madeira, de arestas semicirculares e extremidades pontiagudas, que representa o rosto; e por uma secção rectangular em fibras e fio de buriti, feita pela técnica do torcido, e um conjunto de franjas de buriti fixado a um cordão de fibras, ambos representando o corpo da máscara. O segmento de madeira e a secção de fibras são dispostos frontal e verticalmente, sendo unidos com fios de buriti, enquanto o conjunto de franjas é suspenso na extremidade inferior do primeiro com fios do mesmo material. Cada aresta do segmento é delimitada por três feixes de fibras de buriti, que se prolongam para além daquela, envolvidos com fibras e, a meio do comprimento, por fios do mesmo material revestidos com pigmento vegetal vermelho. A secção rectangular apresenta-se desfiada, formando uma franja, a metade da sua altura. Esta é provida, na extremidade superior, de uma alça de fio de buriti, que serve para suspender a peça. O rosto da máscara é ornamentado com um motivo geométrico composto por dois círculos com pontos no interior (designados na terminologia local por Weri Weri - círculos concêntricos), que figuram os olhos, e por uma semi-elipse, que representa a boca. Em seguida apresentam-se dois rectângulos longitudinais, dispostos simetricamente e unidos nas extremidades por linhas rectas, preenchidos por uma configuração triangular (a configuração triangular é designada por Kulupienê - motivo de peixe). São, ainda, visíveis três desenhos que reproduzem detalhes anatómicos de rãs com partes de seres sobrenaturais (designados na terminologia local por Eyusi apapaatai iynai - capa de rã). O motivo é pintado com pigmento vegetal preto e pigmento vegetal vermelho, sob uma superfície pintada com pigmento mineral branco. O corpo da máscara encontra-se revestido, em certas partes, com pigmento vegetal preto. Rosto da máscara altura (cm): 51,2
  • Origem/Historial: Peça sem uso, adquirida directamente ao fabricante. A peça foi encomendada por Aristóteles Barcelos Neto a partir de um sonho do xamã. Nota informativa sobre a constituição da Colecção Wauja 2000: O projecto de constituição de uma colecção etnográfica entre os índios Wauja, um povo de língua Arawak, estabelecido unicamente nas proximidades da margem direita do rio Batovi, na região ocidental da bacia dos formadores do rio Xingu, no Estado de Mato Grosso, na Amazónia Meridional, foi desencadeado pelo MNE, conduzido no terreno pelo antropólogo Aristóteles Barcelos Neto e apoiado financeiramente pela Comissão Nacional para a Comemoração dos Descobrimentos Portugueses, durante o ano de 2000. A formação desta colecção resultou da conjuntura particular da preparação da exposição Os Índios, Nós. Refira-se que nesta conjuntura aquela Comissão foi parceira financeira no projecto da exposição. A investigação no terreno ficou a cargo do antropólogo Aristóteles Barcelos Neto, uma vez que já tinha realizado trabalho de campo na aldeia Wauja do Alto Xingu, em 1998, a partir do qual elaborou a tese de mestrado Arte, estética e cosmologia entre os Índios Waurá da Amazônia Meridional (1999), defendida na Universidade Federal de Santa Catarina. Constituiu ainda, no mesmo território e entre o mesmo grupo, uma colecção etnográfica para o Museu de Arqueologia e Etnologia da Bahia. Baseando-se na sua própria experiência e conhecimento da tribo elaborou um projecto para o MNE, intitulado Cultura material amazónica: sociologias e cosmologias nativas. O objectivo fulcral da investigação assentou na formação e documentação de uma colecção sistemática de artefactos, representativa da cultura material dos índios Wauja do Alto Xingu. A colecção, constituída por 578 peças, abrange todas as classes de artefactos excepto a plumária, devido às actuais leis brasileiras que proíbem a sua exportação.
  • Incorporação: Anterior proprietário: Itsautaku

Bibliografia

  • NETO, Aristóteles Barcelos, Arte, Estética e Cosmologia entre os Índios Waurá da Amazônia Meridional. Florianópolis: UFSC, 1999 (Policopiado)
  • RIBEIRO, Berta G., Dicionário do Artesanato Indígena. São Paulo: Itatiaia Limitada, USP, 1988

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