Descrição: Retrato do Princípe D. José (1761-1788), ao nível do tronco, de perfil 3/4, voltado à direita. Figura jovem, envergando traje militar de gala, com casaca vermelha debruada com galão dourado e botões de pedraria. Sob a casaca, usa uma couraça castanha com listas douradas, que lhe deixa a descoberto na zona do decote e punhos, uma camisa branca de punhos e gola rendados. Sobre a couraça e a traçar-lhe o peito tem uma faixa azul e um panejamento de veludo azul a envolver a cintura. O rosto oval e pálido é emoldurado por uma cabeleira empoada, atada na nuca por uma fita preta. Com a mão direita, segura o que aparenta um monóculo decorado com pequenos escudetes e o braço esquerdo esticado. À direita, truncada, surge uma mesa embrulhada em veludo vermelhado por trás da qual, figura parcialmente, uma tenda com listas azuis e douradas.
Fundo da composição com o céu e nuvens.
A pintura possui uma moldura elíptica, em talha dourada, que foi removida durante a intervenção de conservação e restauro a que foi sujeita, em 2002.
Origem/Historial: Príncipe D. José (Lisboa, Paço da Ajuda, 20.08,1761 - ib. - 11.09.1788)
Filho primogénito da futura Rainha D. Maria I e seu marido e tio D. Pedro III, usou o título de "14º Duque de Bragança, foi príncipe da Beira e do Brasil, comendador das Ordens de Cristo, Avis e Sant'Iago e cavaleiro do tosão de Ouro.
O retrato pertence a uma coleção de cinco retratos reais - constituída também pelos retratos de D. José I, D. Mariana Victória de Bourbón, de D. Maria I e de D. Pedro III - e um retrato do papa Clemente XIV, datados da segunda metade do século XVIII, que para além do mesmo formato e dimensão, partilham vistosas molduras em talha dourada com motivos rococó a guarnecê-los.
Conservam-se atualmente nas coleções nacionais, numerosos exemplares destes retratos, oriundos naturalmente das coleções reais, mas também de palácios e de paços episcopais, nomeadamente, os retratos que pertenceram ao paço patriarcal de São Vicente de Fora e aos paços espicopais de Castelo Branco, Évora, Bragança e ao de Lamego, a que pertenceu a coleção referida.Trata-se de um conjunto significativo, que revela o bom acolhimento que tiveram junto de uma clientela informada os retratos da família real, de algums titulares da nobreza e altos dignitários do clero, produzidos de acordo com um esquema representacional destinado à fixação de uma imagem de afirmação e poder, filiados em modelos de inspiração francesa, da primeira metade do século XVIII.
Apesar da sua origem mal documentada, é de crer que este exemplar, assim como os demais retratos, tenha sido adquirido, ainda no último quartel do século XVIII quando se realizaram as campanhas de renovação do paço episcopal, ao tempo do bispo D. Manuel de Vasconcelos Pereira, fazendo dotar a residência dos bispos de uma linha mais atualizada que satisfizesse as ambições de aparato vigentes. É aí que os vamos encontrar, em 1821, mais precisamente, na sala de visitas, num ambiente de luxo e opulência, para o qual concorriam as peças de mobiliário de gosto francês – um jogo composto de um canapé e vinte e quatro cadeiras, tudo estofado de damasco vermelho, cómodas-papeleiras e os pares de mesas de jogo; os veludos escarlate dos pesados reposteiros pendendo de sanefas com frisos dourados e um impressionante número de pinturas de assuntos diversos, sessenta, ao todo, a ornar as paredes.
Pese embora a incorporação do palácio e respetivo recheio no património do Estado, decorrente da lei da Separação da Igreja e do Estado, após a implantação da República, a coleção de retratos permaneceria no mesmo local, na antiga residência dos bispos, onde se encontra instalado o Museu desde 1917. Apeados da exposição permanente há vários anos, estiveram expostos numa sala forrada de damasco carmezim, coroada por um teto estucado, em estilo rocaille, com ornatos brancos sobre fundo rosa. Atualmente encerrada ao público, constitui uma remanescência do aparato decorativo de que se revestiam os aposentos do antigo paço.
Incorporação: Transferência: antigo Paço Episcopal de Lamego
Bibliografia
AMARAL, João - Roteiro Ilustrado da Cidade de Lamego. Lamego: 1961
IAN/TT, Mitra de Lamego, Lv.º49, Inventário das Alfaias, movens, e bens de Raiz, pertencentes ao Paço Episcopal. Lamego: 1821
Exposições
Finalistas da Escola Artística e Profissional Árvore